Sua visão baixou repentinamente ou você está vendo pontos escuros flutuantes? Pode ser que você esteja precisando com urgência de uma cirurgia de descolamento de retina. Quer saber mais sobre o assunto? Nós vamos explicar.
A retina é uma delicada estrutura localizada no fundo do globo ocular. Ela é a principal responsável pela formação das imagens, porque possui fotorreceptores que captam a informação visual, transformam em estímulos nervosos e enviam a mensagem para o cérebro fazer a interpretação.
Em seu Relatório Mundial sobre a Visão, a Organização Mundial da Saúde aponta que 2,2 bilhões de pessoas apresentam alguma deficiência visual ou a falta de visão, e segundo o órgão mais de 1 bilhão desses casos seriam evitáveis ou tratáveis.
Uma dessas causas é o descolamento de retina, que na maioria das vezes é tratado com cirurgia. Quer saber mais sobre o procedimento? Continue a leitura.
O que é descolamento de retina?
O descolamento de retina é uma doença grave, que pode levar à cegueira. Ela acontece quando essa importante estrutura se separa da parte mais profunda dos olhos, o seu local de origem. A patologia pode ser causada por traumas na cabeça ou na região dos olhos, e por distúrbios inflamatórios, envelhecimento, diabetes e miopia.
Os sintomas do descolamento de retina são:
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manchas ou pontos escuros flutuantes, também chamados moscas volantes;
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flashes luminosos quando se movimenta a cabeça ou move os olhos;
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sombra ou cortina no campo visual e
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baixa visão de forma súbita.
Descolamento de retina tem cura?
Apesar de ser grave, o descolamento de retina tem cura. No entanto, quanto maior for o tempo entre o surgimento dos sintomas e a procura por ajuda profissional, menores serão as possibilidades de recuperar a visão. Na maioria das vezes o tratamento é cirúrgico.
Atualmente, existem três técnicas de cirurgia de descolamento de retina e somente após a avaliação, que é geralmente feita a partir do mapeamento da retina, é que o médico indicará qual o melhor procedimento para o paciente. Dependendo da gravidade, algumas vezes o processo cirúrgico precisa ser repetido. As cirurgias são:
Vitrectomia
A vitrectomia é a cirurgia de descolamento de retina mais realizada e pode ser feita com anestesia local ou geral. Ela é altamente eficaz, sendo que a maioria dos pacientes não precisa repetir o procedimento e não precisa de internação para realizá-la.
O procedimento consiste na remoção do vítreo, uma estrutura gelatinosa e transparente, que preenche boa parte do interior do globo e que também ajuda a moldar o olho. Com a retirada, ele é substituído por uma bolha de gás SF6 ou C3F8, ou pode também ser utilizado o óleo de silicone.
Neste vídeo, a Dra. Thais Mendes e Dr. Edmundo Almeida apresentam mais detalhes sobre o uso desses elementos no processo cirúrgico da retina.
Introflexão escleral
A introflexão escleral é outro tipo de cirurgia de descolamento de retina e pode ser realizada isoladamente ou em conjunto da vitrectomia posterior. O procedimento consiste em costurar uma ou mais faixas de silicone por fora do olho, na parte branca chamada esclera. Isso vai empurrar a parede e fechar as rupturas causadas pela doença, aproximando a esclera do rasgo.
No final do procedimento, costuma-se deixar gás no interior da cavidade vítrea, para criar uma força de tensão sobre a retina, com objetivo de evitar a abertura da ruptura, permanecendo lá até que a adesão realizada pelo laser ou pela crioterapia se forme completamente.
A colagem da ruptura pode ser tratada no pós-operatório, com aplicação de laser, ou por congelamento através da crioterapia, no intra-operatório. O líquido que está atrás da retina deve ser drenado por uma incisão na esclera após a sua formação.
Retinopexia pneumática
Esse tipo de cirurgia é realizada a partir de injeção de gás nos olhos, o que provocará uma obstrução no buraco existente. A retinopexia pneumática é especialmente indicada nos casos em que os danos estão na região superior do olho, condição chamada de descolamento de retina regmatogênico.
É importante o paciente saber que o gás injetado é absorvido pelo organismo e seu tempo de permanência depende da quantidade e do tipo dele. O SF6, fica no olho por 2 semanas, e o C3F8, fica 4 semanas. O tratamento da ruptura também pode ser realizado a laser ou por meio da crioterapia, a exemplo da Introflexão escleral.
Cuidados pós-operatório
Independentemente do tipo de cirurgia de descolamento de retina existem alguns cuidados que valem para todas elas e o primeiro deles é a necessidade do paciente permanecer na posição indicada pelo médico durante o período de repouso, que na maioria das vezes é olhando para baixo.
Ela é fundamental para a cicatrização e aplicação da retina, reduzindo o risco de redescolamento. Os dias de repouso e o período sem atividade física também devem ser cumpridos.
Além disso, é necessário:
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pingar colírios conforme a orientação médica;
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redobrar os cuidados com a higiene;
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que o paciente não dirija e nem ande de avião;
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evitar contato com poeira, animais e aglomerações;
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não utilizar maquiagem nos olhos e no rosto e
- não deixar cair a água enquanto lava os cabelos.
Repetimos que ao sentir um ou mais sintomas de descolamento de retina você procure ajuda profissional o mais breve. Somente um oftalmologista poderá fazer o diagnóstico e orientar a melhor cirurgia de descolamento de retina.
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Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).