A injeção de corticoide intravítreo é um dos tratamentos com maior eficácia e menos efeitos colaterais para o paciente que corre risco de perder a visão em função de problemas causados pelo diabetes, como o edema macular diabético.
Além do diabetes, a hipertensão arterial, quando não controlada, também pode levar a alterações oculares que causam redução da visão. Pacientes com esses fatores de risco devem fazer acompanhamento regular com um médico retinológo para detecção e tratamento precoce de qualquer alteração visual.
No texto de hoje, trataremos dessa técnica para o tratamento do edema macular diabético. Acompanhe!
Como tratar o edema macular diabético com a injeção de corticoide intravítreo
O edema macular diabético é uma das principais consequência da retinopatia diabética não tratada. A retinopatia diabética consiste na deterioração dos vasos da retina, devido à exposição prolongada ao sangue rico em glicose.
Os vasos deteriorados têm sua permeabilidade aumentada, o que leva ao extravasamento de sangue e fluidos para o espaço da retina e da mácula, com acúmulo de líquido e depósito de proteína (chamados de esxudatos duros)— é o edema macular.
A inflamação local gerada pela presença de sangue e fluidos fora do vaso leva à liberação do fator de crescimento vascular (VEGF), este é uma proteína que aumenta a permeabilidade vascular, agravando o edema.
Os sintomas iniciais incluem embaçamento da visão, podendo progredir para perda parcial ou total.
Corticoide no tratamento do edema
O tratamento do edema macular diabético começa com o controle da doença de base causadora do problema inicial, o diabetes. O paciente deve utilizar as estratégias necessárias, que podem incluir medicamentos e exercícios, para controle rigoroso da glicemia.
Vale a pena esclarecer que o edema macular diabético é uma complicação da doença sistêmica (diabetes) nos olhos, portanto é fundamental o controle rigoroso da doença de base. Apenas dessa forma o tratamento poderá ser bem sucedido.
Após esse primeiro passo, são utilizados tratamentos para impedir a progressão da doença, que incluem fotocoagulação a laser, injeção de corticoide intravítreo ou de antiangiogênicos.
A injeção de corticoide intravítreo diminui a liberação de prostaglandinas locais (fatores inflamatórios) e inibe a expressão do VEGF, interrompendo a piora da doença, pois reduz a quebra da barreira do vaso sanguíneo defeituoso e a piora do edema.
Estudos demonstram que o uso de corticoide é uma forma segura e eficaz de melhorar a acuidade visual do paciente, diminuindo a necessidade do uso de laser.
Os outros tratamentos consistem em:
- injeção intravítrea de fatores antiangiogênicos: medicamentos aplicados na cavidade vítrea (intraocular) que impedem a formação de novos vasos defeituosos estimulada pela glicemia alta;
- fotocoagulação a laser: uso de laser direcionado para a retina para limitar os danos da doença.
Aplicação intravítrea
A injeção de corticoide intravítreo é feita por meio de uma injeção aplicada no vítreo, substância gelatinosa e transparente que preenche a parte posterior do olho.
O procedimento é feito com uso de anestesia local, com colírio ou gel, durando poucos minutos. Além disso, o paciente vai para casa no mesmo dia.
Dependendo da extensão da doença, pode ser necessária a repetição da aplicação do corticoide. A técnica pode ser realizada diversas vezes em um mesmo paciente, e as complicações são raras.
A complicação mais comum do uso do corticoide no olho é o desenvolvimento de catarata e o aumento da pressão ocular. O aumento da pressão ocular (glaucoma) pode ser transitório, devendo ser manejado com o uso de colírios para reduzir a pressão.
O uso do corticoide intravítreo para o tratamento do edema macular diabético é uma das formas de tratar o problema e aumentar as chances de recuperação da visão do paciente.
Você gostou do texto de hoje? Então, para ficar ainda mais por dentro do assunto, aproveite a visita ao site e leia o texto Edema macular diabético: o que todo diabético deveria saber para evitar a cegueira!
Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).