A inteligência artificial (IA) está revolucionando a área da saúde. Em doenças da retina, por exemplo, a tecnologia de ponta possibilita diagnósticos mais rápidos e precisos, impedindo a progressão das alterações na visão e reduzindo gastos dos pacientes com tratamentos.
Esses avanços tecnológicos em oftalmologia podem ser verificados. Uma recente pesquisa realizada pelo Google demonstrou que o uso da IA pode aumentar a precisão diagnóstica dos oftalmologistas e indicou que médicos e algoritmos são mais eficientes quando trabalham juntos.
Neste artigo abordaremos o conceito de inteligência artificial e sua evolução na área da saúde, comentando sobre como essa tecnologia tem contribuído para os diagnósticos das doenças que afetam a retina. Continue a leitura para saber mais!
Conceito de Inteligência artificial
A inteligência artificial é uma área da ciência da computação que despontou com a intenção de transferir a capacidade de aprendizagem humana para as máquinas. Ela é parte integrante do avanço tecnológico, que tem permitido sistemas de diferentes campos de atuação detectarem diversos problemas e tomarem decisões com base em grandes bancos de dados.
O termo “inteligência artificial” foi utilizado pela primeira vez em 1956, pelo cientista americano John McCarthy. Atualmente, já convivemos com robôs e computadores que interagem com as pessoas e apresentam uma grande capacidade de aprendizagem. Exemplo disso é o robô Sophia, criado por David Hanson (Hong Kong) e projetada para se adaptar ao comportamento humano. Esse robô já foi capa de revista, ganhou título de cidadão do mundo e discursou na ONU sobre futuro e desenvolvimento sustentável.
Como a tecnologia IA funciona
Hoje, a tecnologia IA já é utilizada para ampliar a prevenção de doenças e aprimorar os diagnósticos e tratamentos para diversas condições de saúde. Para tanto, ela utiliza um alto volume de informações e algoritmos (sequências de dados matemáticos) para fornecer aos profissionais da área novos pontos de vista, nas tomadas de decisão quanto aos tratamentos mais adequados.
Esses sistemas se fundamentam em dados obtidos de várias fontes de informações, como prontuários de pacientes que passaram por cirurgias, até evidências na literatura científica. Todos esses dados coletados são salvos em nuvem, permitindo um cruzamento e processamento das informações, com base nos algoritmos, para oferecer ao médico mais precisão em diagnósticos e prescrição de terapias.
Inteligência artificial no diagnóstico de doenças da retina
Os exames que auxiliam os médicos nos diagnósticos também começam a ser analisados pela IA, pois enquanto o especialista em retina foca em determinada suspeita, a tecnologia faz uma varredura completa das nuances em cada tipo de exame. Com isso, há um maior acerto nos diagnósticos e redução de possíveis erros médicos.
Em 2018, a FDA (Food and Drug Administration) — agência federal norte-americana de regulação de medicamentos e alimentos — aprovou o primeiro sistema de inteligência artificial que realiza o diagnóstico de doenças oculares causadas por diabetes. Trata-se de um projeto totalmente autônomo, que não exige a interpretação de um médico.
Aprendizagem de máquina
O aprendizado de máquina, que é o terreno da IA, tem proporcionado mais inteligência aos softwares para que possam identificar mudanças sutis na saúde dos pacientes, com base na análise de bancos de dados. Em geral, o software é programado para identificar os padrões e as alterações em grandes conjuntos de dados de pacientes já diagnosticados.
A partir disso, a eficiência dos programas é verificada objetivando que eles consigam fazer o diagnóstico antes da manifestação da doença. Nesse sentido, empresas de tecnologia de ponta, como Google e DeepMind, têm trabalhado em algoritmos de aprendizado de máquina capazes de detectar a retinopatia diabética, considerada mundialmente como uma das principais causas de cegueira em adultos.
A ferramenta de avaliação oftalmológica IDx-DR foi desenvolvida, testada e aprovada por uma empresa norte-americana de diagnósticos e utiliza redes neurais para detectar a retinopatia diabética por meio da análise dos olhos dos pacientes.
O diagnóstico por Inteligência Artificial
O primeiro componente é responsável pela análise da qualidade da imagem da retina, identificando se o equilíbrio das cores, o foco e a exposição são suficientes para permitirem o algoritmo de diagnóstico. A partir disso, o segundo elemento busca por sinais comuns de eventuais danos, como as hemorragias causadas por uma instabilidade nos níveis de açúcar no sangue.
Dessa forma, o sistema identifica se há sinais da doença, viabilizando a decisão do tipo de tratamento a ser definido pelo médico. De acordo com os pesquisadores, o sistema não identifica a condição ocular de acordo com porcentagens específicas, mas sim em três níveis, como sensitividade, especificidade e imagem.
Acesso dos pacientes às novas tecnologias
Já é possível o paciente fazer a sua própria avaliação ocular sem necessidade do auxílio médico. Por meio da sua startup, o Google desenvolveu uma inteligência artificial para identificar retinopatia diabética e edema macular diabético. Isso é feito por meio da análise de fotos de pessoas com sinais dessas doenças. O programa foi testado recentemente em pacientes do Hospital Aravind Eye (Índia), com resultados promissores.
Essa tecnologia objetiva mais rapidez e facilidade nos diagnósticos e tratamentos dessas doenças. A inteligência artificial faz uma análise das informações e gera os resultados automaticamente, sem necessitar da interpretação de dados por um especialista.
Entretanto, mesmo conseguindo detectar as doenças sem o auxílio de oftalmologistas, a intenção é utilizar o programa para uma pré-triagem. Dessa forma, as pessoas que apresentam sinais de um dos distúrbios podem ser encaminhadas para consultas médicas, economizando tempo nas avaliações.
Tecnologia brasileira com IA para prevenção e diagnóstico
No Brasil, já foi desenvolvida uma plataforma (redcheck) que ajuda na detecção de alterações, bem como auxlia o oftalmologista na confecção de laudos mais rápidos..
Como vimos, a inteligência artificial é uma importante aliada para a área de oftalmologia. Além de contribuir para a precisão de diagnósticos e tratamentos, proporciona mais qualidade de vida aos pacientes. Para tanto, é importante estar aberto e atualizado quanto às novas tecnologias que podem ajudar na prevenção e tratamento das doenças da retina.
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Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).