Cirurgia de vitrectomia: quais as indicações e os riscos?

A cirurgia de vitrectomia tem o objetivo de remover o gel vítreo, um fluido gelatinoso e transparente que ocupa a maior parte do globo ocular. Ela é indicada para o tratamento de doenças sérias que afetam o olho, como é o caso do deslocamento de retina.

Esse procedimento consegue evitar que as pessoas tenham danos irreversíveis à visão, seja apenas a redução ou a perda total, o que pode ocorrer em enfermidades que estão ligadas à retina e ao gel vítreo.

Para falar mais sobre a cirurgia de vitrectomia, como ela funciona, quando é indicada e como é feita, criamos esse artigo. Nele, você verá mais informações sobre doenças que afetam os olhos e ainda conferirá uma entrevista com Dr. Lucciano Norat. Continue lendo e confira.

O que é a cirurgia de vitrectomia?

A cirurgia de vitrectomia é um procedimento cirúrgico realizado pelo médico oftalmologista que objetiva remover parcialmente ou totalmente o gel vítreo, um fluido gelatinoso e transparente que ocupa a maior parte do globo ocular e tem como função a absorção de impactos e manter o formato do olho.

O humor vítreo está em contato íntimo com a retina e, por esse motivo, esse procedimento é indicado para tratar diversas doenças dos olhos, como o deslocamento de retina e a hemorragia vítrea, essa última, na maior parte das vezes, causada pela retinopatia diabética, uma das complicações mais comuns da diabetes.

Quando a cirurgia é indicada?

A cirurgia de vitrectomia é indicada, principalmente, para o tratamento de algumas enfermidades ligadas à retina e ao gel vítreo, como:

  • deslocamento ou tração na retina,

  • complicações pós-cirurgia de catarata,

  • complicações da retinopatia diabética,

  • buraco macular,

  • hemorragia no vítreo, quando há o acúmulo de sangue na cavidade vítrea,

  • crescimento exagerado de novos vasos sanguíneos na retina,

  • membrana epirretiniana e

  • corpo estranho na cavidade vítrea após trauma ocular.

Para que o paciente recupere sua visão, é essencial que o diagnóstico e a cirurgia ocorram de forma precoce. Caso isso não aconteça, há a perda gradual da capacidade de enxergar, o que pode ser irreversível.

Nos casos de descolamento de retina, por exemplo, quando a região da mácula (área central e mais sensível da retina) não for comprometida, duas em cada três pessoas têm a visão recuperada a ponto de conseguir ler bem. Se a região da mácula for afetada, apenas um em cada três pacientes conseguem recuperar a visão de leitura.

Como é realizada a cirurgia de vitrectomia?

O procedimento é realizado com anestesia local e sedação, na maioria dos casos. A anestesia geral é utilizada apenas para casos de cirurgias em crianças. Na maioria das vezes, o paciente recebe alta no mesmo dia.

O procedimento é realizado com a utilização de um moderno aparelho chamado vitreófago, que é responsável pela remoção do vítreo. É preciso que a cirurgia de vitrectomia ocorra com muito cuidado, uma vez que o vítreo é formado por 99% de água e 1% de ácido hialurônico, substância que tem, entre suas funções, manter o formato do globo. Além disso, apresenta íntimo contato com a retina.

Após a operação, é possível substituí-lo por solução líquida, chamada BSS, muito semelhante ao humor vítreo, ou seja, composta basicamente de água e sais minerais. Nesse caso, a solução será gradualmente reabsorvida e substituída pelo humor aquoso.

Em outros casos, opta-se por deixar, ao final do procedimento, gás, ou, até mesmo, óleo de silicone em pacientes com patologias mais graves. Não há necessidade de remoção do gás, visto que ele também é reabsorvido pelo organismo. Existem basicamente 2 tipos de gases: o SF6 e o C3F8.

Nos casos do gás, ele irá desaparecer em até 2 semanas, como é o caso do SF6, ou até 4 semanas, como ocorre com o C3F8. Na opção do uso do óleo de silicone, pode ser necessária a sua retirada algum tempo depois do primeiro procedimento.

Os métodos atuais utilizados na cirurgia de vitrectomia são extremamente eficazes, com grande índice de sucesso. O procedimento é feito através da inserção de três instrumentos na esclera, para se ter acesso à cavidade vítrea. Um dos instrumentos é responsável por aspirar o vítreo (vitreófago), outro por infundir soro e o terceiro consiste em uma fibra óptica que ilumina a região a ser operada.

Quando a cirurgia é feita com aparelhos mais modernos, pode ser que não haja necessidade de suturas. O médico só pode fazer essa decisão no final procedimento.

Quais são os tipos de cirurgia de vitrectomia?

Existem dois tipos de operação, confira quais são eles.

Vitrectomia anterior

Normalmente, essa abordagem é usada para pacientes com complicações decorrentes da cirurgia de catarata, em que há uma ruptura do suporte onde se implanta a lente intraocular. Nesse procedimento, o acesso utilizado é o mesmo da cirurgia de catarata.

Vitrectomia posterior

Também chamada de vitrectomia via pars plana. É realizada apenas pelo médico especialista em doenças da retina, o retinólogo.

Quanto custa uma cirurgia de vitrectomia?

O preço depende da indicação cirúrgica, da complexidade do caso, dos honorários do médico, do estado de saúde do paciente e de outros fatores que podem variar de local para local.

Dessa forma, o valor só pode ser estimado após a consulta com o retinólogo que definirá qual é a melhor opção de tratamento para o caso em questão. Afinal, esse procedimento é um dos tratamentos mais modernos e com muitas aplicações na recuperação de diversos problemas de visão.

No entanto, é importante conversar com o oftalmologista e procurar um retinólogo. No período pré-operatório, ele precisa passar segurança ao paciente e resolver qualquer dúvida que surgir durante o tratamento e no pós-operatório, visto que são necessários cuidados especiais para aumentar as chances de obter-se os resultados esperados.

Quais são os riscos da cirurgia de vitrectomia?

Para responder essa pergunta, nós conversamos com o Dr. Lucciano Norat. Veja sua resposta.

Dr. Lucciano: Toda a cirurgia tem riscos. Não existe procedimento cirúrgico sem risco. Só que a gente, como médicos, busca por meio dos exames pré-operatórios e com tudo mais, controlar as possíveis consequências.

Então, uma cirurgia de vitrectomia perfeitamente executada pode provocar um descolamento de retina e isso precisa ser falado para o paciente. Mas, antes de qualquer procedimento, deve-se fazer um exame adequado da retina para ver como ela está. O mesmo deve ocorrer com a córnea.

Nós precisamos ver se essas estruturas não vão sofrer demais durante o procedimento. Apenas com esses exames é possível fazer a cirurgia. As chances de acontecer um descolamento de retina após a cirurgia são muito pequenas, mas podem acontecer. Então, vale a pena correr esse risco pequeno quando o benefício for maior que ele.

Eu sempre oriento os meus pacientes com mais de 50 anos de idade a ir de forma mais periódica no oftalmologista para saber como está a saúde ocular. Tenha uma relação mais próxima com o seu médico, faça exames pré-operatórios e se identifique com o oftalmologista que você goste, que você consiga conversar e fazer os questionamentos para que você possa fazer o procedimento com segurança.

A cirurgia de vitrectomia é extremamente segura, principalmente quando feita no momento correto, ou seja, quando o paciente já está apresentando alguma baixa de visão e não percebe. Depois da operação, o paciente percebe que as cores não são mais as mesmas e há uma grande diferença.

Trate as doenças oculares de forma precoce e confie no seu médico. Tenho certeza que isso transformará sua vida e trará mais qualidade.

Agradecemos a participação do Dr. Lucciano e convidamos você a conferir a nossa live sobre cirurgia de catarata com ele.

[https://www.youtube.com/watch?v=jG8cDrwyZnE]

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