Leve ardência nos olhos, dificuldade em enxergar com nitidez objetos que se encontram próximos ou distantes, dores de cabeça constantes etc. Os indícios de problemas de visão parecem surgir de repente, mas a realidade é que nós só tomamos consciência de sua existência quando esses sintomas começam a incomodar muito e nos atrapalhar nas atividades do cotidiano.
A boa notícia é que a maior parte dos distúrbios visuais não chegam a afetar seriamente a saúde dos olhos e podem ser corrigidos com o uso de óculos de grau! Para tanto, é fundamental estar bastante atento aos sinais e efetuar consultas regulares ao oftalmologista, uma vez que o diagnóstico prévio aumenta consideravelmente as chances de sucesso no tratamento.
Será que estou com algum distúrbio visual e vou ter que usar óculos? A seguir, elencamos algumas das principais dúvidas que surgem quando falamos sobre o tema. Não deixe de conferir!
Importância do acompanhamento preventivo
São diversas as causas de doenças da visão: alguns surgem logo no momento do nascimento, outros podem ser desenvolvidos no decorrer da vida em razão de lesões, traumas, doenças crônicas e sistêmicas ou mesmo envelhecimento natural do corpo.
Os distúrbios mais comuns não costumam ser graves, no entanto, quando não identificados logo no início e tratados adequadamente, podem evoluir para outros mais sérios. E essa demora para procurar um especialista a fim de obter um diagnóstico preciso é um fator que tem contribuído muito para o aumento de casos de perda de visão total ou parcial.
Como a maioria das doenças oculares não apresenta sinais imediatos ou facilmente identificáveis, acabamos por nos adaptar às dificuldades visuais sem perceber que há algo errado acontecendo. Em outras palavras, vamos incorporando hábitos automáticos e cotidianos de ajuste — forçar os olhos para enxergar melhor é um exemplo — que podem prejudicar ainda mais a nossa visão.
Sendo assim, o acompanhamento preventivo da saúde ocular, por meio de consultas periódicas com o médico oftalmologista, é de suma importância! Além da prevenção de doenças graves como glaucoma, catarata, degeneração macular, retinopatia diabética, entre outras, é possível iniciar, de maneira rápida, o tratamento de correção visual com óculos (ou outra forma mais apropriada para o seu caso).
Sintomas mais frequentes de problema de visão
Já falamos a respeito da relevância de efetuar consultas oftalmológicas regulares para prevenção, mas é necessário também estar atento aos principais sintomas que estão relacionados a problemas visuais. Caso perceba qualquer uma dessas irregularidades (ou outras não listadas), procure imediatamente o seu médico!
Pacientes que sofrem de transtornos no campo da visão relatam a presença dos seguintes indícios:
- dor de cabeça;
- dificuldade de enxergar no escuro;
- sensação de vista cansada;
- embaçamento ou visão turva;
- necessidade de se aproximar ou afastar de algo para enxergar melhor;
- esforço na leitura, ou seja, hábito de “apertar” os olhos para ler;
- leve ardência ou vermelhidão nos olhos.
No aparecimento de sinais e sensações como essas descritas, é possível que seja considerada a hipótese de uso de óculos ou lentes de contato. Vale ressaltar que somente um especialista está apto para diagnosticar corretamente o seu problema e prescrever quais são as providências a serem tomadas.
Assim como a automedicação, a utilização de óculos sem prescrição médica envolve significativos riscos de prejuízo para sua visão!
Erros de refração ou na formação da imagem que podem ser corrigidos com óculos
O olho humano é um sistema complexo, formado por diversas partes que atuam conjuntamente para tornar possível a visão. Para ficar mais claro, o caminho até chegar à constituição correta da imagem é o seguinte: os estímulos luminosos atravessam a córnea, passam pela íris e pupila até chegarem ao cristalino, esse órgão projeta de forma invertida a imagem na retina. A função da retina é, por meio de suas células fotorreceptoras, fazer essa imagem formada chegar ao cérebro.
Problemas de visão que podem ser corrigidos com óculos
Felizmente, as falhas visuais mais comuns podem ser tratadas por meio do emprego de óculos. Conforme dito, apesar da diversidade de fatores causais — desde herança genética até o próprio avanço da idade — as soluções encontradas frequentemente passam pela receita de lentes corretivas.
Miopia
A miopia constitui um dos problemas de visão mais frequentes. Ela resulta do fato do globo ocular do míope ser maior, isto é, mais longo do que o olho de uma pessoa que tem visão normal. Esse olho mais alongado faz com que os raios de luz sejam convergidos antes de alcançar a retina.
Como a imagem acaba se formando antes de chegar na retina, os pacientes com miopia apresentam muita dificuldade em enxergar de longe. A sensação relatada por eles é de que os objetos surgem borrados ou indistintamente configurados.
A miopia, por sua vez, não afeta a percepção de objetos que estão próximos. Ainda assim, o problema pode evoluir se não for tratado, além de causar piora nos sintomas — aumentando a dificuldade de enxergar e provocando dores de cabeça mais acentuadas.
O tratamento indicado costuma ser o uso de óculos com lentes divergentes ou negativas. Esse formato das lentes garante a convergência correta dos raios de luz (mais para trás), de modo a chegar na retina. O exame de mapeamento de retina é muito importante para prevenção de doenças da retina em pacientes míopes.
Hipermetropia
De modo simples, o que acontece no olho de quem tem hipermetropia é o inverso do que ocorre nos casos de miopia. Dito de outro modo, o globo ocular desses pacientes é mais curto que o normal.
Assim, a convergência dos raios de luz se dá na região posterior à retina, tornando, portanto, mais difícil que a pessoa enxergue de perto. Os objetos mais próximos se revelam de forma embaçada ou turva. A leitura do conteúdo de uma tela ou de um livro, por exemplo, requer ajustes na distância para achar a posição mais correta, ou melhor, mais confortável.
Ainda que não interfira na visão à distância, a mudança do foco de perto para longe costuma demorar um pouco para se ajustar e, em alguns casos, causar tontura ou enjoos. A causa desse distúrbio é quase sempre genética, mas há um ponto positivo: os graus de hipermetropia podem reduzir paulatinamente com o passar dos anos.
Os sintomas são bastante incômodos e podem desencadear problemas de atenção ou déficit de aprendizagem (sobretudo em crianças), visto que as dores de cabeça frequentes dificultam a leitura e os estudos.
O tratamento indicado para a hipermetropia é a utilização de óculos com lentes convergentes ou positivas. Esse tipo de lente faz com a convergência dos raios de luz ocorrem mais à frente, alcançando a retina e resolvendo a questão.
Astigmatismo
O astigmatismo, por sua vez, impede a nitidez da visão tanto de objetos que estão próximos, como daqueles que estão distantes. Em outras palavras, a vista fica turva e não se enxerga bem nem o campo vertical nem o horizontal.
A curvatura irregular da córnea é a explicação para esse distúrbio visual. Devido a isso, os raios luminosos não alcançam de forma convergente um mesmo ponto da retina, o que acaba por distorcer a imagem.
A principal causa do astigmatismo é a herança genética. Frequentemente, esse problema aparece associado à miopia e à hipermetropia. A medida corretiva, nesse caso, consiste na fabricação de lentes próprias que têm um formato parecido com um “cilindro” — por isso, costuma-se chamá-las de cilíndricas — e que são capazes de neutralizar e diminuir as dificuldades na visão.
Pacientes com alto astigmatismo precisam de avaliação periódica para descartar outras causas como ceratocone.
Presbiopia
Comumente chamada de “vista cansada“, a presbiopia refere-se a um dano na capacidade visual de focar de perto. De modo geral, quase todo mundo acaba sendo afetado por ela com o avanço da idade. Um dos modos de percebê-la é pela dificuldade na leitura de letras pequenas.
De modo distinto da miopia, o princípio causador aqui é a flacidez, ou melhor, perda da elasticidade do cristalino — estrutura ocular semelhante a uma lente que modifica sua forma para auxiliar no foco dos objetos que chegam à visão.
O resultado dessa redução gradativa da potência visual é o cansaço ou fadiga ocular. Embora não exista cura para a presbiopia, ela pode ser estabilizada e corrigida por meio de lentes que assumem a função do cristalino — funcionando comum uma espécie de zoom da imagem. Os sintomas costumam melhorar bastante com o uso dessas lentes.
Outras formas de tratamento para problemas de visão
Ainda que o uso de óculos de grau seja o meio mais prático e sem contraindicação, há outras formas de tratamento para problemas de visão, como lentes de contato, aplicação de colírios especiais e/ou cirurgia refrativa (à laser).
Os profissionais que podem realizar o exame de vista (ou exame de refração) para obter o diagnóstico e indicar a melhor forma de tratamento para o seu caso é o oftalmologista. Procure sempre um especialista e não se automedique ou faça uso de óculos sem indicação médica.
Conforme já foi dito, com o diagnóstico prévio e o tratamento adequado, não há motivos para preocupação. E lembre-se sempre: cuidar da saúde de seus olhos é cuidar de você!
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Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).