A pressão alta no olho geralmente não apresenta sintomas. Isso faz com que a maioria dos pacientes não saiba do problema e deixe de procurar ajuda médica. A falta do diagnóstico e tratamento adequado pode causar danos à visão, inclusive cegueira. Por isso, ela também precisa ser avaliada periodicamente pelo oftalmologista para a devida prevenção.
A hipertensão ocular pode ocorrer em todas as idades. No entanto, existem algumas pessoas que são mais propensas a desenvolvê-la. Sua gravidade está diretamente relacionada ao glaucoma.
Segundo o documento As Condições da Saúde Ocular no Brasil, elaborado em 2019, pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), entre as principais causas de cegueira no nosso país estão:
- a catarata;
- erros refrativos não corrigidos (quando a luz não chega com nitidez à retina) e
- o glaucoma.
De acordo com o Relatório Mundial sobre a Visão, da Organização Mundial da Saúde (OMS), reduzir a pressão ocular é o único tratamento comprovado para prevenir, controlar e diminuir a evolução do glaucoma.
Quer saber mais sobre o assunto? Preparamos um artigo especialmente para explicar o que é e como acontece a hipertensão nos olhos. Continue a leitura.
O que é a pressão alta no olho?
Embora pareça ser simples, toda a estrutura dos olhos é bem complexa. Eles são formados por várias partes que, trabalhando em conjunto, nos possibilitam enxergar. Dentro dessa complexidade, todos nós possuímos um nível de pressão ocular.
A pressão intraocular, PIO, é uma medida utilizada pelos oftalmologistas, que visa analisar a tensão nos olhos. Os níveis normais dela se situam entre 11 a 21,5 mmHG. Esses valores dependem de cada pessoa.
No entanto, quando eles se apresentam abaixo de 11 ou acima de 21 significa haver um desequilíbrio na tensão ocular. Em especial quando está em um nível superior, caracteriza-se pressão alta no olho.
Quando ela já está alta ou se encontra em elevação progressiva constante, a condição tende a exercer uma força nos olhos. Essa tensão interna danifica o nervo óptico, o que acaba contribuindo para o desenvolvimento do glaucoma. A sua manifestação pode ser lenta ou rápida e geralmente é assintomática.
Quais as causas?
Existem várias causas que podem favorecer a pressão alta no olho e uma delas é a produção excessiva do humor aquoso. Ele é um líquido ocular, formado por água e sais dissolvidos. Sua principal função é manter a saúde e a transparência dos olhos.
A hipertensão também pode ser causada pela obstrução ou deficiências dos canais que fazem a drenagem dessa substância aquosa.
Além disso, outros fatores podem contribuir para o seu desenvolvimento. São eles:
- diabetes;
- hipertensão arterial;
- trauma causado por batidas ou pancadas no olho;
- alguma doença ocular, como a catarata;
- inflamação, sangramento ou tumor ocular;
- miopia grave;
- histórico familiar, tanto de hipertensão ocular quanto de glaucoma e
- uso prolongado medicamentos a base de corticoides.
A idade também pode ser um fator de risco. Segundo um estudo organizado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto/Portugal, a pressão alta no olho é mais prevalente em pessoas acima de 40 anos. A estimativa é que entre 4% a 7% da população nessa faixa etária apresenta hipertensão ocular.
Qual a diferença entre pressão alta no olho e hipertensão arterial?
É comum pensar que existe uma ligação entre a pressão alta no olho e a hipertensão arterial.
A hipertensão arterial é considerada uma doença crônica grave, caracterizada pela tensão que o sangue faz para circular nas artérias do organismo. Seus índices são medidos em valores máximos e mínimos. Quando ultrapassa 140/90 mmHg, significa que ela está elevada.
Sedentarismo e estilo de vida não saudável são suas principais causas. Além disso, é um fator de risco, em especial para a saúde do coração e também para a pressão alta no olho, bem como para o glaucoma. No entanto, nem todo hipertenso desenvolverá a hipertensão ocular.
Conforme já falamos, a elevação da pressão ocular se dá a partir da produção excessiva de humor aquoso e/ou da dificuldade na sua excreção.
Quais os sintomas e qual o diagnóstico?
Geralmente, em seu estágio inicial, o aumento da tensão ocular não apresenta sintomas. Com o passar do tempo, ela pode desencadear:
- fotofobia;
- dores de cabeça;
- vômitos;
- perda progressiva de visão periférica,
- perda de visão geral;
- olhos avermelhados;
- pupilas dilatadas e
- inchaço na córnea, o que irá refletir em embaçamento.
O diagnóstico só acontecerá a partir da consulta oftalmológica, que deve ser realizada regularmente. As pessoas acima de 40 anos devem fazer o exame preventivo ocular anualmente.
Para diagnosticar a doença, o oftalmologista realiza um exame chamado tonometria. O procedimento é simples e consiste na aplicação de um colírio anestésico, para que o médico possa aplicar uma leve pressão, o que possibilitará a medição da tensão ocular.
A hipertensão ocular não tem cura, mas é devidamente controlada e tratada com uso de colírios e medicamentos. Isso evita a sua evolução e reduz os riscos de glaucoma ou outras complicações.
Se você achou esse conteúdo interessante, assista ao bate-papo com o Dr. Alexandre Rosa, a Dra. Izabela Almeida, oftalmologistas da RetinaPro, e a psicóloga Amanda Almeida, onde conversamos sobre a pressão alta no olho. Dê play abaixo e confira.
Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).