A Coroidopatia Central Serosa, também chamada de Retinopatia Serosa Central ou apenas Central Serosa, é uma doença que afeta um ou os dois olhos e faz com que a visão fique embaçada ou distorcida, surgindo manchas acinzentadas na região central do campo visual.
A maioria das pessoas nem sabe que essa doença existe, até ir no médico com esses sintomas e receber o seu diagnóstico. O mais surpreendente ainda é que essa condição é causada pelo estresse.
Continue lendo para saber mais sobre a Central Serosa e conferir o que os especialistas dos olhos aqui, da RetinaPro, têm a dizer sobre ela.
Entenda o que é a Central Serosa
Não se sabe ao certo como a Central Serosa se origina, mas ela está ligada a quadros de estresse. As pessoas mais acometidas são aquelas ansiosas, com senso de urgência e competitividade.
A maioria dos pacientes com essa doença tem entre 20 e 45 anos. Acomete mais os homens, representando mais de 85% dos casos — o que não significa que não possa afetar mulheres também.
A queixa mais comum é a percepção de uma mancha escura no centro da visão, o que desaparece com o tempo. Apesar disso, é comum ocorrer a recorrência da doença durante a vida do paciente.
Como a Central Serosa ocorre
A Central Serosa está associada a um aumento dos níveis de um hormônio chamado cortisol, que pode acontecer por estresse, em associação à gastrite por H. pilory, apneia do sono e uso de medicamentos que contém corticosteroides, como:
- pomadas;
- comprimidos;
- inaladores e
- infiltrações.
Para entender o que ocorre, é preciso compreender um pouco mais sobre o olho humano. A mácula é uma região importante da retina, responsável pela visão central, nítida de detalhes e cores.
“O estresse aumenta o cortisol no sangue que aumenta a permeabilidade. O que significa isso? Vai vazar líquido dos vasos sanguíneos e esse líquido fica acumulado debaixo da retina, em um local que não deveria estar. Então, a visão no centro fica com uma mancha escura ou distorcida”, explica o Dr. Renato Palácios.
Com o vazamento desse líquido, surgem “bolhas” responsáveis por elevar as camadas da retina e provocar o deslocamento do foco da região central — local em que está localizada a mácula. Por conta disso, há o aparecimento dos sintomas.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da Central Serosa geralmente se inicia com a realização de um exame de mapeamento de retina. Em seguida, a confirmação do diagnóstico é realizada com a tomografia de coerência óptica.
Outro exame bastante específico para o diagnóstico da doença é a angiofluoresceinografia, que vai evidenciar os pontos fluorescentes em que há o vazamento de fluido. Este exame é primordial para que seja planejado o tratamento.
Existe cura para a Coroidopatia Central Serosa?
Geralmente, a Central Serosa tende a desaparecer naturalmente após três ou quatro meses, sem deixar sequelas no paciente. No entanto, em 5% dos casos, pode evoluir para perda severa e permanente da visão central.
Dê play no video abaixo e confira mais informações sobre essa condição com o Dr. Alexandre Rosa, oftalmologista especialista em doenças da retina.
Para evitar a perda permanente da visão, é necessário fazer tratamento adequado. Pacientes que já tiveram episódio anterior há menos de três meses ou em dois meses não tiveram resolução também deve tratar.
Quais são os tipos de tratamento?
Apenas um médico oftalmologista ou retinólogo poderá concluir se você precisará de tratamento. Nos casos agudos, ou seja, que não são recorrentes, a fotocoagulação a laser é o procedimento mais comum para a Central Serosa.
Nos casos, onde a doença é crônica (acima de 6 meses) existem diversas modalidades de tratamento:
Terapia Fotodinâmica com Verteporfirina (PDT)
Esse tipo de tratamento tem como princípio a diminuição da permeabilidade coroideana, uma das causas fisiopatológicas da Coroidopatia Serosa Central, por onde há um vazamento de fluido.
Para fazer a Terapia fotodinâmica com Verteporfirina (PDT), é necessário utilizar um remédio fotossensível. Esse medicamento é injetado na veia do braço do paciente, vai circular por todo o corpo e chegar até o olho. Então, é feita sua estimulação por laser, ativando o remédio.
Na coroide, ele age causando uma diminuição da vasodilatação coroideana, levando a uma diminuição de permeabilidade e do vazamento de líquido. Essa medicação foi originalmente desenvolvida para tratar a Membrana Neovascular Coroide, mas diversos estudos demonstram que existe benefício do seu uso no tratamento da Central Serosa, sobretudo as formas crônicas.
Fotocoagulação a laser (laser subliminar ou micropulsado)
O tratamento com laser focal subliminar ou micropulsado é utilizado para selar pontos de vazamento de líquido ou atua estimulando as células do epitélio pigmentado da retina.
Esse tratamento tem como característica não produzir marcas nem nos exames. A área tratada é determinada pelo exame de angiofluoresceinografia. Os principais riscos dessa terapêutica é a expansão da cicatriz para a fóvea, uma região da retina, o que pode levar ao aparecimento de manchas escuras na parte central da visão.
Antagonistas de mineralocorticoides
Mineralocorticoides são hormônios produzidos pela glândula adrenal do nosso organismo, como a aldosterona e o cortisol, que, como já foi dito, está diretamente ligado ao estresse e à Central Serosa.
O cortisol provoca uma vasodilatação coroideana, levando à congestão e extravasamento de líquido. Isso acontece devido a uma ativação exagerada dos receptores desses hormônios que estão presentes nos vasos da coroide.
Os medicamentos antagonistas dos mineralocorticoides bloqueiam esses receptores e diminuem a vasodilatação, melhorando o quadro da doença. Ao usar estes remédios, deve-se atentar à monitorização dos níveis de potássio.
Além dessas três técnicas, existem outras que também são utilizadas pelos médicos para tratar a Central Serosa, como:
- finasterida: indicação relativa no tratamento da doença e se mostrou uma opção eficaz e segura para pacientes com Coroidopatia Serosa Central;
- melatonina: hormônio produzido pela glândula pineal relacionado ao sono, se mostrou eficaz com relação ao ganho de visão no tratamento dessa doença nos casos persistentes e recorrentes e
- o tratamento da bactéria H. pilory em pacientes com Coroidopatia Serosa Persistente ou recorrente também parece ter papel importante no tratamento.
Baixe o nosso infográfico completo sobre a Central Serosa e saiba mais detalhes sobre os tratamentos disponíveis.
Evite o estresse
A prevenção do estresse também é indicada para quem tem ou teve Coroidopatia Central Serosa. Para isso, deve-se evitar ter momentos de tensão e adquirir hábitos saudáveis, como relaxar diariamente, fazer exercícios físicos e passar mais tempo com aqueles que se ama.
Além disso, é importante buscar organizar o seu dia e semana para evitar a perda de controle das tarefas que precisam ser feitas.
Eliane, enfermeira e especialista em desenvolvimento pessoal, compartilhou conosco um pensamento muito interessante: “Não basta eu reconhecer que eu estou estressada. Eu reconheço isso, mas o que faço agora? Então vem a “caixa de ferramentas” que fui aprendendo. Por exemplo, para o estresse e para a impaciência, a meditação foi algo incrível. (…) Isso trabalhou a gestão das minhas emoções. Depois, é preciso trabalhar a conexão, que é a empatia, e a gestão de relacionamentos.”
Reveja sua rotina, busque desenvolver sua inteligência emocional e saiba qual é o momento de parar. Além disso, fique atento aos sinais que o seu corpo dá que está passando por altos níveis de estresse, como ocorre na manifestação da Central Serosa.
Caso você desconfie que está com a doença ou já tenha o diagnóstico e precise de tratamento, procure um médico oftalmologista o quanto antes. Somente ele poderá orientar você sobre esse tipo de doença ocular.
E se você quer saber mais sobre a Central Serosa, confira a live completa que realizamos sobre esse tema. Ela conta com a presença do Dr. Alexandre Rosa e do Dr. Renato Palácios da RetinaPro, e da Eliane, especialista em desenvolvimento pessoal. Clique e confira.
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Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).