Entre as enfermidades associadas ao envelhecimento, destacam-se as oftalmológicas. Assim, uma dúvida muito comum quando acerca desse assunto é: a degeneração macular tem cura?
Estamos falando de uma alteração que costuma afetar pessoas maiores de 55 anos, sendo a causa mais frequente de baixa acuidade visual nessa faixa etária. A doença prejudica tanto a visão de perto quanto a de longe, levando à limitação motora e elevando as ocorrências de acidentes e dependência física ou mental.
Todos esses fatores aumentam o risco de morbidade e de mortalidade. Já deu para perceber que é algo que precisa de atenção, certo?
Então, para um melhor entendimento sobre essa condição e também para descobrir se a degeneração macular tem cura, abordamos neste artigo os principais aspectos do tema, tratamentos e formas de prevenção. Boa leitura!
Por que é importante falarmos sobre degeneração macular?
O motivo para falarmos sobre degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é o fato de que se trata da principal causa de cegueira na terceira idade, atingindo cerca de 3 milhões de idosos no Brasil, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Devemos nos lembrar ainda que a população brasileira está em processo de envelhecimento. Atualmente, temos 31 milhões de idosos, mas a estimativa é que esse número alcance 58 milhões em 2060, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Esses dados deixam claro que precisamos dar mais atenção à doença, afinal, o cenário mostra que ela tem chances de se tornar cada vez mais frequente.
Degeneração macular tem cura e o que é esse problema?
Como mencionamos anteriormente, a degeneração macular afeta com maior frequência as pessoas com mais de 55 anos, comprometendo fortemente a visão central. O problema está na mácula, uma pequena região no centro da retina, responsável pela percepção de detalhes.
Dessa forma, é essencial para a leitura, reconhecimento de rostos e identificação de cores. As células sensíveis à luz, conhecidas como fotorreceptores, são responsáveis por converter os raios luminosos em impulsos elétricos e transportá-los até o cérebro através do nervo óptico.
A perda da visão central na DMRI ocorre quando essas células se degeneram, ou seja, ficam lesionadas. Com esse processo, o paciente sobre com uma visão borrada ou distorcida, além da percepção de uma mancha escura no centor do olho.
Nos estágios iniciais, a DMRI não apresenta sintomas. Porém, em alguns casos, pode surgir um embaçamento na visão central, especialmente durante as tarefas de costura e leitura, por exemplo. Por se tratar de uma alteração lenta e progressiva, muitas pessoas convivem com a doença por vários anos sem perceberem.
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Quais são os tipos de degeneração macular?
Antes de entender se a degeneração macular tem cura, saiba que, quando um olho é afetado pela DMRI, há uma tendência para o desenvolvimento da doença no outro olho. A extensão da perda da visão central varia de acordo com o tipo da condição (seca ou úmida) e da agilidade para o diagnóstico e início do tratamento.
Degeneração macular seca (atrófica)
É a forma mais comum, correspondendo a 90% de todos os casos de DMRI, mas menos grave em comparação com a forma úmida. Esse tipo é causado pelo envelhecimento natural dos tecidos presentes na mácula, provocando uma perda progressiva da visão central.
A atrofia geográfica é o estágio mais avançado dessa DMRI e seu nome é decorrente da lesão bem delimitada da retina central secundária e uma atrofia do epitélio pigmentar. Uma das principais características da degeneração seca é a formação de drusas, que consistem no acúmulo de proteínas e gorduras, provenientes do metabolismo, nas células sob a retina.
Não se sabe exatamente como essas drusas são formadas, mas elas prejudicam a saúde oftalmológica, provocando perda gradual da visão com a degeneração progressiva das células fotorreceptoras. Além disso, acredita-se que, quando o paciente apresenta drusas maiores, a probabilidade de evolução da forma seca para a úmida aumenta.
Uma pessoa pode conviver com a DMRI seca por muitos anos, sem saber que está com o problema. Inclusive, pode não aparecer alterações de um exame de rotina para outro. Por esse motivo, em caso de alteração da visão, o oftalmologista deve ser consultado prontamente
Como as drusas se apresentam nos exames oftalmológicos
Degeneração macular úmida (exsudativa)
Menos comum, essa alteração atinge aproximadamente 10% dos casos. No entanto, é o tipo mais agressivo: 88% dos diganósticos de cegueira legal — quando a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 — são atribuídos essa forma de DMRI.
A alteração também é denominada forma neovascular, pois gera o crescimento de vasos sanguíneos anômalos embaixo da retina. Essas estruturas são chamadas de neovascularização subretiniana ou neovascularização de coroide.
Quando há o vazamento de fluidos ou sangue por esses vasos sanguíneos anormais, ocorre uma turvação da visão central, que pode evoluir rapidamente e provocar a perda significativa da capacidade visual. Há a chance da cegueira chegar de maneira mais rápida e perceptível do que a causada pela DMRI seca. Quando há um crescimento anormal dos vasos sanguíneos em um olho, também existe uma grande probabilidade de ocorrência no outro.
Nos estágios finais, é possível ocorrer a formação de um tecido cicatricial no local onde estavam os vasos anômalos, ocasionando uma mancha irreversível que impede a visão. Por isso, é de fundamental importância procurar um médico imediatamente ao perceber qualquer alteração visual.
Também é imprescindível realizar exames anuais de prevenção com um oftalmologista, a partir dos 40 anos, sobretudo quando houver histórico de degeneração macular na família.
Quais são os fatores de risco para a degeneração macular?
A população mais acometida pela DMRI é a idosa, tendo a gravidade uma forte relação com o avanço da idade, mas outros fatores de risco também estão presentes. São eles:
- ser mulher;
- consumir bebidas alcoólicas de forma exagerada;
- ter uma íris de cor clara;
- ingerir grandes quantidades de gorduras;
- manter dietas pobres em frutas e verduras;
- expor-se ao sol sem proteção ocular;
- ter hipertensão arterial;
- estar obeso;
- ter pele branca;
- fumar.
Quais são os sintomas?
Inicialmente, os sintomas da degeneração macular são discretos e imperceptíveis. Em alguns pacientes, pode ocorrer de apenas um dos olhos ser afetado e o outro permanecer intacto por vários anos.
Todavia, precisamos estar atentos a essas situações:
- percepção de manchas escuras na região central da visão;
- visão alterada de linhas retas, que aparecem retorcidas ou onduladas;
- identificação de cores de forma mais opaca;
- necessidade de luz mais forte para a leitura e localização de objetos.
Como é feito o diagnóstico e degeneração macular tem cura?
O retinólogo (médico oftalmologista especialista em retina) desempenha um importante papel na identificação da doença. Ele conduz o processo de diagnóstico, que pode ser feito durante uma consulta, por meio do mapeamento de retina. Entretanto, para alguns casos, pode ser necessário realizar exames complementares como os que detalhamos a seguir.
Angiografia fluorescente ou Angiofluoresceinografia
Nesse exame, é utilizado um tipo de corante (fluoresceína), administrado por via oral ou endovenosa. O contraste circula por todos os vasos da retina e coroide (camada vascular atrás da retina) e possibilita obter imagens digitais do fluxo vascular. Elas revelam se há algum tipo de anomalia nos vasos sanguíneos sob a retina, a partir da presença de vazamentos do contraste ou perda de tecido retiniano secundário à degeneração.
Tomografia de Coerência Óptica (OCT)
O OCT é um exame não invasivo, que possui o mesmo princípio do ultrassom. Contudo, no lugar de utilizar o som, usa-se a luz (laser) para captar imagens transversais da retina, como um corte de histologia. Dessa forma, todas as camadas podem ser avaliadas. A tomografia identifica se há algum tipo de inchaço, espessamento, afinamentos da retina ou inflamações.
Angiografia OCT (OCT-A)
A angiotomografia de retina é um inovador exame de imagem que permite a avaliação do fluxo dos vasos sanguíneos da retina, mácula e nervo óptico. Além de não ser invasiva, ela não exige o uso de contraste
Tela de Amsler
Trata-se de um exame clínico em que o médico apresenta imagens com linhas paralelas e pretas, que possuem um círculo central. Assim, o especialista já pode ligar o sinal de alerta se o paciente relatar alterações no que é visto.
Quais são os tratamentos?
Os tratamentos para a degeneração macular não são curativos, pois não promovem a regeneração da retina. O objetivo principal é o retardo na progressão da doença.
Dependendo do grau de degeneração macular que o paciente apresentar, podem ser administrados complexos vitamínicos ou medicamentos. A seguir, veja as principais formas de abordar a DRMI.
Degeneração macular seca tem cura?
Infelizmente, a degeneração macular não tem cura, nem mesmo a forma menos grave, que é a seca. Todavia, a administração de minerais e vitaminas antioxidantes ajuda a retardar ou até mesmo impedir a progressão da doença.
Além dos suplementos, é recomendada a ingestão de frutas, vegetais e outros alimentos que ajudam a preservar a integridade da mácula e a saúde dos olhos de modo geral, tanto por pacientes com a DMRI quanto para pessoas que ainda não apresentam a alteração ocular.
Degeneração macular úmida
O tratamento é à base de medicamentos antiangiogênicos, aplicados via intraocular. O ranibizumabe (lucentis) e o aflibercepte (eylia) são os mais recomendados, já que podem reduzir a perda visual em 50%. No entanto, essas abordagens são individualizada. Apenas o retinólogo pode definir qual a melhor medicação para cada caso.
Tratamento com auxílios ópticos
Feito por um oftalmologista com treinamento em visão subnormal, há a prescrição de dispositivos ópticos específicos que minimizam o problema e ajudam os pacientes a lidar com a deficiência da visão central.
Os recursos indicados são diversos, como óculos, lupas para suporte na leitura e telas que aumentam as letras no computador. Também podem ser utilizadas tecnologias mais modernas, com softwares que fazem a leitura de textos e os transformam em voz. Um especialista pode, ainda, ajudar na adaptação das tarefas diárias do paciente.
Tratamentos experimentais
Existem diversas investigações sobre o uso de outros medicamentos para o tratamento da degeneração macular. Entre eles, um grupo utilizado para o colesterol, conhecido como estatinas. Apesar de a maioria funcionar em caráter experimental, os resultados se mostraram promissores.
Na França, desde 2015 as estatinas são reconhecidas como um tratamento para a degeneração macular. Inclusive, o tratamento já é custeado pelo governo do país. Em 2016, uma equipe de pesquisadores americanos e gregos conseguiu uma melhoria de 40% na visão de pacientes com DMRI que consumiram doses altas de atorvastatina.
Cirurgia de catarata em pacientes com DMRI
Na literatura médica, há evidências de que pessoas com doenças degenerativas da retina desenvolvem catarata com maior frequência que o restante da população.
Porém, é possível que a cirurgia de catarata em pacientes que apresentam DMRI beneficie a visão, mas esse ainda é um assunto controverso, já que o procedimento expõe os olhos à luz intensa do microscópio.
Nesse sentido, quanto menor o tempo de duração do procedimento e de exposição à luz, menor o potencial negativo pós-operatório em relação à evolução da DMRI.
Portanto, é essencial conversar com o seu oftalmologista para avaliar os riscos e os benefícios. O profissional que irá realizar a cirurgia deverá ter experiência e também tratar qualquer inflamação ocular antes.
Como prevenir a degeneração macular?
Embora a DMRI seja uma doença que ocorre com o processo natural do envelhecimento, não significa que ela não possa ser prevenida. Diversas pesquisas já demonstraram que a adoção de hábitos saudáveis ajuda a reduzir os riscos de desenvolver a doença.
Confira algumas atitudes que auxiliam a preservar a mácula e a retina em todas as idades:
- faça um controle constante do peso e, caso necessário, procure ajuda de um nutricionista para emagrecer;
- use óculos de sol para proteger os olhos contra os raios solares;
- consuma alimentos saudáveis, como peixes, leguminosas, frutas frescas e secas, verduras e folhas verdes, que são ricos em antioxidantes e outras substâncias que retardam o envelhecimento;
- controle os níveis da pressão arterial e do colesterol com o acompanhamento de um médico;
- não fume e evite o consumo de bebidas alcoólicas.
Entretanto, devemos lembrar que cada organismo possui necessidades nutricionais específicas. Assim, além de seguir essas recomendações, é bom procurar um nutricionista para descobrir qual é o melhor regime alimentar a ser adotado. Tanto o hábito de fazer dietas sem a orientação de um especialista quanto a automedicação são atitudes perigosas que podem provocar graves problemas de saúde.
Também é fundamental conhecer o seu histórico familiar, pois ter alguém com DMRI na família aumenta a probabilidade de adquirir a doença. Em 2005, foi descoberto um gene específico que pode estar relacionado a quase 50% das ocorrências de degeneração macular, chamado de Fator de Complemento H (CFH). Outros genes também parecem estar ligados a alguns casos da doença em menores proporções.
Dessa forma, é muito importante procurar um oftalmologista para fazer exames preventivos anualmente e seguir todas as recomendações do médico.
Degeneração macular tem cura?
Você viu que, infelizmente, a degeneração macular não tem cura. Porém, é essencial se cuidar e evitar a progressão dela.
Portanto, não deixe para depois e marque a sua consulta com os nossos médicos oftalmologistas. Estamos te esperando!
Enquanto isso, aproveite para se aprofundar ainda mais sobre a DMRI com o vídeo abaixo:
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