Doença de Parkinson: como os olhos podem ajudar a identificá-la

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A doença de Parkinson é uma alteração neurológica que afeta os movimentos corporais. Ela é progressiva, degenerativa e afeta milhares de pessoas. Embora seja mais comum na população acima de 60 anos, o número de pacientes mais jovens diagnosticados com a doença tem aumentado.

Vários são os sintomas que podem sinalizar a instalação gradual do problema no organismo. Entretanto, muitos estão presentes em outros tipos de doença, o que pode impedir a sua identificação antes que ela se agrave.

Neste artigo, vamos abordar as características do mal de Parkinson, discorrendo sobre os principais sintomas e como as alterações nos olhos podem auxiliar em seu diagnóstico precoce. Continue a leitura para saber mais!

A doença de Parkinson

Para funcionar com perfeição, o cérebro depende de vários transmissores químicos, como a dopamina. Esse neurotransmissor é responsável por várias funções no organismo, como a capacidade de sentir prazer e o bom funcionamento da coordenação motora, entre outras.

Na presença do mal de Parkinson, os neurônios produtores de dopamina estão afetados. Por esse motivo, o cérebro vai perdendo, de forma gradual, a capacidade de controlar os movimentos do corpo.

Com o avanço da doença a pessoa se torna cada vez mais incapacitada, com dificuldades em realizar atividades simples, como se vestir ou tomar banho. Isso ocorre porque o controle motor é altamente afetado.

Estatísticas sobre a doença

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial com idade superior a 65 anos sofre com a doença de Parkinson.

No Brasil há poucos dados estatísticos sobre o problema. Entretanto, segundo o Ministério da Saúde, a estimativa em 2014 era de 200 mil casos — atualmente, dados veiculados pela imprensa apontam para pelo menos 250 mil pessoas afetadas.

As causas do mal de Parkinson

A doença de Parkinson tem como origem a degeneração de uma parte do cérebro, conhecida como “substância negra”. Com a morte progressiva dos neurônios contidos nessa substância, o cérebro não produz a dopamina.

Segundo a National Parkinson Foundation, órgão norte-americano dedicado à pesquisa sobre a doença, 60 a 80% da produção de células de dopamina são perdidas, mesmo antes de aparecerem os sintomas motores da doença.

Fatores de risco

A idade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do problema, ocorrendo raramente em jovens adultos. Em geral, atinge pessoas com 60 anos ou mais.

Veja a seguir, outros fatores que podem desencadear a doença:

  • contato com agrotóxicos — a exposição constante a herbicidas e pesticidas pode aumentar o risco;
  • gênero — os homens são mais propensos a desenvolver a doença;
  • hereditariedade — o fato de ter um parente próximo com a doença aumenta a probabilidade de desenvolvê-la, porém, o risco é baixo;
  • traumas no crânio — de formas isoladas ou repetitivas, como ocorre com os lutadores de boxe, pode levar a lesões nos neurônios dopaminérgicos.

Os sintomas da doença

De acordo com especialistas, alguns dos sintomas podem aparecer até 20 anos antes da instalação da doença. Dessa forma, é importante ficar atento aos sinais para que ela possa ser tratada desde o início.

É importante ter em mente que muitos dos sintomas podem se referir a outras patologias. Entretanto, eles servem como sinais de alerta, especialmente quando surgem de maneira concomitante. Veja a seguir quais são:

  • tremor — pode surgir ocasionalmente uma agitação involuntária em um dedo e se espalhar pelo braço;
  • rigidez muscular — inflexibilidade das articulações ou membros superiores e inferiores. Algumas pessoas podem sentir dor;
  • bradicinesia ou acinesia — lentidão nos movimentos. Inicialmente o paciente pode apresentar uma postura inclinada e caminhada lenta e arrastada. Posteriormente pode ocorrer a ausência dos movimentos;
  • instabilidade postural — deficiência na coordenação motora e no equilíbrio. O paciente pode se curvar para frente ou para trás, com riscos de quedas e com tendência à retropulsão (andar para trás);
  • depressão e nervosismo — o desequilíbrio dos níveis de dopamina alteram os de serotonina, relacionado à sensação de bem-estar, gerando alterações no humor;
  • constipação — esse é um dos principais sintomas que pode aparecer até 10 anos antes da doença ser diagnostica;
  • disfunção erétil — pode ocorrer antes de o mal ser instalado;
  • incontinência urinária — os músculos que revestem as paredes da bexiga se descontrolam, provocando espasmos e vontade frequente de urinar, mesmo com pouco volume de líquido;
  • pressão baixa — ao ficar em pé repentinamente, o paciente pode sentir náusea, tontura, palpitação e até desmaiar.

Outros sintomas dizem respeito à perda de olfato, distúrbios do sono, pouca expressão facial e escrita tremida com letras pequenas. Além desses indícios, recentemente, foi descoberta a relação da doença de Parkinson com alterações na retina.

A relação entre a doença de Parkinson e os olhos

Segundo estudos recentes de cientistas sul-coreanos, os olhos também podem indicar um sinal precoce da doença de Parkinson. Foi observado que o afinamento da retina tem uma relação direta com a perda progressiva da dopamina — o neurotransmissor que auxilia no controle dos movimentos corporais.

A pesquisa inédita, publicada pela revista científica Neurology, em 2018, analisou 49 pessoas com idade média de 69 anos, diagnosticadas com o mal de Parkinson 2 anos antes de manifestar a doença.

A comparação foi realizada com 54 pessoas do grupo de controle, que não apresentavam a doença e se encontravam na mesma faixa etária. Os voluntários foram submetidos a exames oftalmológicos, como a tomografia de coerência óptica e retinografia, e foi identificado um afinamento na retina nos portadores da doença.

Os resultados da pesquisa apontaram que há uma relação entre o nível de afinamento da retina e a gravidade da doença. Dessa forma, a pesquisa concluiu que o monitoramento da retina poderia ajudar no diagnóstico precoce do processo degenerativo, antes mesmo que as dificuldades na locomoção motora se manifestassem.

A importância do diagnóstico e acompanhamento médico

Por se tratar de uma doença progressiva, é fundamental que os familiares e pessoas próximas fiquem atentos aos sinais, para que seja possível um diagnóstico precoce.

Dessa forma, ao perceber um ligeiro tremor nas mãos ou a diminuição no tamanho da letra (micrografia), o paciente deve consultar médicos especialistas, como o retinólogo (que trata de doenças da retina) e o neurologista, para exames minuciosos e acompanhamento constante do tratamento.

Em geral, os casos mais avançados são tratados com medicamentos e terapias para estímulos cerebrais, visando à melhoria dos movimentos. Além dos cuidados médicos, é importante, também, manter uma atividade intelectual, por meio de leituras, e adotar hábitos saudáveis com uma nutrição balanceada e atividades físicas.

Como pudemos verificar, a doença de Parkinson é progressiva e altamente debilitante, com sintomas que podem ser detectados pelo exame da retina. Dessa forma, é fundamental buscar ajuda de médicos especialistas e se submeter a exames periódicos dos olhos.

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Prof. Dr. Alexandre Rosa

Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).

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