Perda de visão por estresse: entenda por que acontece

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Dificilmente uma pessoa imagina que é possível sofrer com a perda de visão por estresse ou que isso possa favorecer alguma doença ocular.

A verdade é que a forma como vivemos traz consequências para todo o organismo. Sensações e situações de ansiedade, agressividade, irritação e explosão, entre outras, podem, sim, afetar a saúde ocular.

Em outubro de 2020 a Agência Brasil, um dos órgãos oficiais federais, publicou uma reportagem divulgando que 80% da população do país tornou-se mais ansiosa com o evento da pandemia. Vale lembrar que pessoas ansiosas geralmente são estressadas e vice-versa.

O que pouca gente entende é que níveis elevados de estresse favorecem o desenvolvimento de problemas oculares. Quer saber como isso acontece? Continue a leitura.

É possível ocorrer a perda de visão por estresse?

A resposta é simples e afirmativa: sim, pode ocorrer a perda de visão por estresse. Isso acontece porque o organismo aumenta o nível de adrenalina. Essa elevação favorece espasmos do músculo ciliar. As pupilas dilatam e pode ocorrer embaçamento, entre outros problemas oculares.

Além disso, o estresse é fator de risco para a central serosa e retinopatia hipertensiva, condições que podem causar a perda da visão. Para compreender como pode acontecer a perda de visão por estresse, conversamos com o Dr. Lucciano Norat e com a Dra. Thaís Mendes, médicos especialistas em retina da RetinaPro.

O que é a central serosa e qual a relação dela com a perda de visão por estresse?

De forma geral, a coriorretinopatia serosa central, retinopatia ou simplesmente central serosa é uma doença que afeta a mácula, parte importante da retina. Para compreender como pode acontecer a perda de visão por estresse, é importante frisar que a mácula é que possibilita enxergar com clareza e nitidez as imagens e cores.

“O paciente se queixa da perda da visão central. Ele sente uma mancha no centro da visão, mas geralmente não é uma mancha preta. (…) Existe uma distorção da imagem ou, então, ele vê os objetos com uma diminuição de tamanho.”, a Dr. Thais Mendes explica. A especialista conta ainda que essa distorção é chamada de micropsia e ela pode ser unilateral ou bilateral, mas geralmente é assimétrica, ou seja, um olho é mais afetado que o outro.

Sobre o diagnóstico da central serosa, a Dr. Thais esclarece: “Através do exame de fundo de olho é possível ver as alterações na retina, que acontecem no centro da retina (mácula). Alguns exames de imagem são muito importantes para esse tipo de diagnóstico e tratamento, um deles é a angiofluoresceinografia e o OCT, a Tomografia de Coerência Óptica”.

Qual a relação da retinopatia serosa central com o estresse?

“A doença atinge principalmente homens com um perfil mais estressado. Geralmente são pacientes que normalmente têm o que chamamos de personalidade do tipo A. Ou seja, são aquelas pessoas que são mais irritadas, mais explosivas, que se zangam com facilidade nas questões do dia a dia”, explica Dr. Lucciano Norat.

O doutor continua: “Essas são as principais pessoas que possuem a doença sem considerar fatores externos, como o uso de medicamentosos. Mas existem mulheres que também desenvolvem a Retinopatia Serosa Central. Então, não é uma doença exclusiva de homens, é apenas mais comum nos estressados, e está muito relacionada ao uso de corticoides também.”.

Como tratar a doença?

De acordo com Dr. Lucciano, quando o paciente apresenta os sintomas de forma aguda é possível pensar na realização de um laser. Mas nem sempre esse tratamento é a primeira escolha, depende da piora do problema.

É comum esperar algumas semanas para ver se o líquido será reabsorvido. Caso isso não aconteça de forma espontânea ou o paciente apresente, por exemplo, uma profissão de risco, é feito um tratamento de forma precoce.

A Dra. Thais complementa, afirmando não existir um tratamento padrão em si. O que os retinólogos fazem é aguardar três meses, se o paciente nunca teve um episódio anterior, para acompanhar o caso e ver se a situação vai melhorar.

Em relação ao tratamento com laser, a oftalmologista frisa que é indicado apenas para alguns casos selecionados e, muitas vezes, a alternativa é tratar o estresse do que a doença em si. A especialista também enfatiza sobre a necessidade de mudanças de hábitos, principalmente no que diz respeito à alimentação, destacando a importância de consumir refeições naturais.

Qual a relação entre central serosa e retinopatia hipertensiva com a perda de visão?

Estresse elevado contribui para a hipertensão arterial. Quando essa pressão está muito alta, os vasos oculares podem sofrer consequências, causando a retinopatia hipertensiva.

A retinopatia hipertensiva afeta a retina, o que pode desencadear a coriorretinopatia central serosa. Por isso, as duas condições de saúde podem estar associadas e o controle da hipertensão é essencial para prevenir problemas oculares, inclusive a perda de visão por estresse.

Como controlar o estresse?

A perda de visão por estresse é uma consequência dos hormônios do estresse, assim como da elevação da pressão arterial. Para evitar que isso ocorra, é importante fugir das situações estressantes e buscar alternativas para controlar e aliviar a agitação do dia a dia.

Algumas dicas são:

  • priorizar o sono;

  • praticar regularmente uma atividade física;

  • ter uma alimentação saudável;

  • dedicar um tempo para fazer o que gosta;

  • estar junto das pessoas que ama;

  • praticar técnicas relaxantes como ioga ou meditação e

  • procurar ajuda profissional para terapia.

Prof. Dr. Alexandre Rosa

Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).

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