A diabetes atinge, atualmente, mais de 16 milhões de pessoas no Brasil. Um dos grandes problemas é que o controle inadequado da doença pode levar a diversas complicações crônicas, como a retinopatia diabética.
A retinopatia diabética é uma doença relacionada às complicações microvasculares ocasionadas pela diabetes, podendo, em casos mais graves, levar à perda da visão e até mesmo à cegueira.
Os tratamentos atualmente disponíveis possibilitam uma melhora significativa, implicando, inclusive, na diminuição da probabilidade de perda visual.
Neste guia completo, a RetinaPro explica tudo sobre a retinopatia diabética, seu conceito médico, classificação, sintomas, diagnóstico, tratamento e quais medidas o indivíduo diabético deve seguir.
Ao final, deixamos ainda um bônus, respondendo às perguntas mais comuns sobre a retinopatia diabética!
Continue no guia e tenha uma ótima leitura!
O que é a retinopatia diabética?
A retinopatia diabética é uma doença decorrente das complicações microvasculares causadas pela diabetes tipo 1 ou tipo 2. Em casos graves, inclusive, pode ocasionar perda expressiva da capacidade visual.
Seu controle, no entanto, é eficaz e com resposta positiva devido a tratamentos que acabaram desde o controle glicêmico, em casos mais leves, até a possibilidade de intervenção cirúrgica.
A depender da gravidade clínica detectada, a retinopatia diabética por ser classificada como proliferativa ou não proliferativa. Em cada caso, há previsão de tratamentos.
Como a retinopatia diabética se desenvolve?
A retinopatia diabética é uma das complicações relacionadas à diabetes tipo 1 e tipo 2, alterando o processamento da visão pela retina.
Devido às complicações microvasculares da diabetes, observam-se em pacientes quadros de hipóxia tecidual e perda da autorregulação dos vasos retinianos. Este cenário desencadeia o surgimento da retinopatia diabética.
Vale lembrar que a retina é uma membrana localizada na parte posterior do olho, responsável por transformar o estímulo luminoso em estímulo nervoso, para que a imagem que vemos seja interpretada.
A alta concentração de glicose no sangue, que ocorre na diabetes, causa alterações na estrutura dos vasos sanguíneos da retina como, por exemplo, microaneurismas ou perda de células.
Com o tempo, essas alterações podem provocar isquemia, edema macular, dentre outras consequências que, em casos avançados, podem implicar em cegueira.
Por isso, estudos estimam que esta doença é uma das principais causas de cegueira em indivíduos entre 20-74 anos nos países desenvolvidos.
Ou seja, sobretudo para a população economicamente ativa, os impactos são expressivos. Prejudicando o desempenho de atividades como trabalho, lazer ou convívio social.
Outros fatores que contribuem para o surgimento (e agravamento) da doença são:
- tabagismo;
- hipertensão arterial; e
- colesterol alto.
Quais são os tipos de retinopatia diabética?
A retinopatia se subdivide em dois estágios: retinopatia diabética proliferativa (RDP) e não proliferativa (RDNP). Cada um destes estágios apresenta subclassificações, a depender dos sintomas identificados e do grau de suas complicações.
Retinopatia diabética não proliferativa (RDNP)
A RDNP pode ser classificada como leve até grave, sendo associada às alterações intra-retinianas causadas pela diabetes, provocando aumento da permeabilidade capilar e gerando, por exemplo, microaneurismas.
Estima-se uma alta prevalência em pacientes acima de 25 anos e com diabetes. No entanto, seu quadro pode, ou não, evoluir para um estágio de RDP.
Retinopatia proliferativa (RDP)
Já a RDP pode ser classificada como inicial, de alto risco ou grave. Seu diagnóstico dependerá, portanto, da constatação de neovascularização na interface vítrea da retina.
Em cenários graves deste estágio é possível que ocorram sangramentos na cavidade vítrea, decorrente de rompimentos de novos vasos e, por consequência, causar alterações na percepção visual e, inclusive, cegueira.
Quais são os sintomas da retinopatia diabética?
Um dos grandes riscos da retinopatia diabética é que ela geralmente não apresenta sintomas na fase inicial, de forma que a pessoa pode apenas descobri-la já na fase avançada.
Por isso, é obrigatório que a pessoa com diabetes faça consulta oftalmológica periódica, para detectar qualquer alteração. Uma causa comum de queixa do paciente é quando há o acúmulo de líquido (plasma) na região central da visão, a mácula, configurando o edema da mácula.
O edema macular diabético é uma das principais consequências da retinopatia diabética não tratada. Os vasos deteriorados pela retinopatia têm sua permeabilidade aumentada, o que leva ao extravasamento de fluidos para o espaço da retina central (mácula), levando ao edema macular.
A inflamação local gerada leva à liberação dos fatores pró-inflamatórios e do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF), agravando ainda mais o edema e a perda da visão central.
No estágio mais avançado da doença, surgem sintomas como:
- visão turva;
- manchas na visão;
- perda da visão periférica ou central; e
- visão distorcida.
Principais fatores de risco da retinopatia diabética
Em relação aos fatores de risco, de uma forma geral, destacamos o hiperglicemia, hipertensão arterial, necessidade de uso de insulina, tempo de evolução da diabetes, acometimento renal, puberdade, gravidez e dislipidemia (aumento de colesterol e/ou triglicerídeos) associada.
Os principais fatores associados ao aparecimento e evolução da retinopatia diabética são o tempo de doença e o mau controle glicêmico. Estudos demonstraram que o controle glicêmico rígido associado ao controle da pressão arterial, reduz a incidência e a progressão da retinopatia diabética.
Como é feito o diagnóstico da retinopatia diabética?
A fundoscopia ou exame do fundo de olho é indicada em todo paciente com diabetes tipo 1 após 5 anos do diagnóstico da doença e, em todos os pacientes com diabetes tipo 2, logo que for diagnosticado.
Neste exame, podem ser localizados pequenos aneurismas, tanto na mácula quanto na periferia, representando um dos achados passíveis de definição diagnóstica da RDNP ou RDP.
O diagnóstico é feito por médico oftalmologista, por meio de exames especializados como fundo de olho ou mapeamento da retina, angiofluoresceinografia e tomografia de coerência óptica (OCT). Esses exames permitem uma observação detalhada da retina e visualização de possíveis alterações.
Vale acrescentar que, de acordo com as recomendações do médico ou médica responsável, o exame pode ser repetido semestral, anualmente ou, inclusive, mensalmente.
Como é feito o tratamento da retinopatia diabética?
De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retinopatia Diabética, o tratamento desta doença dependerá da classificação de seu estágio (RDNP ou RNP), assim como de sua gravidade clínica.
Em casos moderados e sem edema macular diabético identificado, recomenda-se o controle glicêmico e acompanhamento próximo, de acordo com a avaliação do médico ou médica responsável.
No entanto, em outros cenários, é necessário adotar procedimentos de terapia secundária, que incluem medicamentos específicos via injeção intraocular, associados ou não ao tratamento com laser ou cirúrgico.
Todos os tratamentos sugeridos têm por objetivo a estabilização do sistema vascular e redução do potencial ou probabilidade de perda visual. Apesar da sua alta eficiência, infelizmente, a retinopatia diabética ainda não possui terapêutica desenvolvida que leve à cura.
Tratamento com laser
A fotocoagulação tem por objetivo a cauterização e oclusão de microaneurismas, reduzindo a área do tecido lesado e a neovascularização. É recomendado em casos de RDP de alto risco.
Tratamento com medicamentos de uso intraocular
Consiste na aplicação intravítreo de medicamentos que interferem no fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) e, desse modo, atenuam o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos na região lesada.
Vitrectomia
O tratamento cirúrgico, por Vitrectomia, é recomendado, por exemplo, nos casos em que as terapias primárias (controle glicêmico) e secundária (fotocoagulação e medicamentos anti-VEGF) não apresentam resposta positiva. Nestes casos, a remoção das opacidades ocorre de maneira cirúrgica.
Como prevenir a retinopatia diabética?
Confira a seguir hábitos e comportamentos que interferem positivamente na prevenção e controle da retinopatia diabética.
O controle da diabetes
A diabetes resulta de uma disfunção endócrino metabólica: a regulagem dos teores de glicose (açúcar) no sangue não funciona adequadamente. Como resultado, o diabético apresenta níveis muito elevados desse açúcar (glicemia) no plasma sanguíneo.
Para a condução de um controle adequado, é preciso que o paciente considere sua dieta, a prática de atividade física, uso correto da medicação indicada, automonitoramento e maior conscientização sobre as características da doença.
Alimentação
Os hábitos alimentares do portador de diabetes devem ser muito regulares e orientados por nutricionista. Entre esses hábitos, destacam-se:
- adoção de horários regulares para as refeições;
- refeições menores, a cada 3 horas;
- eliminação do excesso de doces, refrigerantes e frituras;
- redução do consumo de gorduras animais;
- redução do consumo de sal;
- redução do consumo de bebidas alcoólicas.
Atividade física
A prática diária de atividades físicas deve estar adequada ao biótipo e à idade do paciente. É importante que a atividade física seja prazerosa e não mais um sacrifício. Assim, evita-se o abandono.
Os principais benefícios da atividade física para diabéticos podem ser assim resumidos:
- promove a absorção de glicose pelos músculos;
- aumenta a sensibilidade das células à ação da insulina (hormônio que controla os níveis de glicose no sangue);
- auxilia na redução e manutenção do peso corporal;
- auxilia no controle da pressão arterial;
- melhora as funções cardíacas.
Medicação
Se o médico receitou algum medicamento para o tratamento da diabetes, o paciente deve seguir estritamente as recomendações médicas. Na ocorrência de qualquer efeito colateral, também o médico deve ser procurado e informado imediatamente.
Nesse sentido, a dosagem e os horários devem ser seguidos com responsabilidade. Por outro lado, não se deve deixar de utilizar a medicação recomendada em razão da falta de sintomas.
Automonitoramento
Um dos princípios da gestão administrativa afirma que “só se controla aquilo que se mede”.
Esse princípio se aplica perfeitamente ao controle da diabetes. O paciente diabético deve permanentemente realizar medições dos níveis de glicose em seu sangue.
Desse modo, pode-se observar o efeito dos 3 principais fatores que afetam sua glicemia: a medicação, a alimentação e a atividade física.
Educação em diabetes
Para tratar é preciso conhecer. Assim, o paciente diabético deve procurar se manter informado sobre a doença, e também sobre suas próprias condições a partir do automonitoramento.
Cada pessoa apresenta respostas diferentes à doença, assim como ao tratamento. Por essa razão, quanto mais informado sobre o comportamento da doença e sobre as respostas aos fatores que interferem nos níveis glicêmicos, mais facilmente poderá adequar-se para manter o controle.
Dúvidas comuns sobre a retinopatia diabética
Confira a seguir as respostas para algumas das dúvidas mais comuns sobre esta doença.
Como é a visão de quem tem retinopatia diabética?
São comuns relatos de visão com luzes, embaçada ou, inclusive, pontos pretos flutuantes. Além destes sintomas, a pessoa pode vivenciar quadros de perda súbita de visão.
Qual é o sinal mais precoce da retinopatia diabética?
Infelizmente, quando sintomas de alteração da visão são detectados é comum que a retinopatia já apresente sinais de seu desenvolvimento. Por isso, é crucial que indivíduos com diabetes tipo 1 ou tipo 2 realizem consultas periódicas com um retinólogo.
A retinopatia diabética é reversível?
A retinopatia diabética representa uma das complicações da diabetes e, desse modo, pode ser controlada de maneira eficaz. Entretanto, o melhoramento dos quadros e da gravidade desta doença não anula a sua presença.
A retinopatia diabética tem cura?
Infelizmente não. Entretanto, o diagnóstico e tratamento precoce são essenciais, de modo que ocorra uma redução significativa na probabilidade de perda visual decorrente desta doença.
A importância da consulta com o retinólogo
Pacientes com diabetes devem consultar-se com um (médico oftalmologista especialista em retina e vítreo) com regularidade. Na verdade, é essencial que haja esse acompanhamento.
Ainda que a diabetes esteja controlada e que o paciente não perceba qualquer sintoma em sua visão, a consulta com o retinólogo deve ser mantida de forma regular. Apenas esse profissional pode perceber o início de qualquer alteração na retina e na mácula. Assim, não deve haver descuido nesse acompanhamento.
A descoberta da retinopatia de forma precoce permite que ela seja controlada. Em geral, o tratamento consiste de fotocoagulação a laser, injeções intravítreas de medicamentos e vitrectomia, mas não necessariamente o paciente irá realizar os três.
A RetinaPro investe diariamente no fortalecimento de sua equipe e infraestrutura, garantindo que as demandas individuais dos pacientes sejam atendidas de forma rápida e eficiente.
Nossa equipe médica dedica-se à saúde e bem-estar de cada paciente, oferecendo os mais eficazes planos de tratamento com uma abordagem de escuta atenta.
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Conclusão
Neste guia completo da RetinaPro você aprendeu sobre a retinopatia diabética, uma doença associada às complicações microvasculares causadas pela diabetes e que, em casos graves, pode implicar em perda de visão e cegueira.
Esta doença apresenta dois estágios, de acordo com a gravidade clínica: retinopatia diabética proliferativa (RDP) e não proliferativa (RDNP). Para cada estágio são previstos tratamentos que incluem desde o controle glicêmico até terapêutica cirúrgica.
Apesar dos tratamentos não possibilitarem a cura, seu controle é eficaz, possibilitando um melhoramento da qualidade de vida dos pacientes, evitando-se quadros graves de cegueira ou perda de visão.
A RetinaPro conta com equipes médicas altamente qualificadas, com retinólogos especializados em tratamentos para retinopatia diabética.
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Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).