Ceratocone: descubra quais as formas de tratar essa doença!

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A ceratocone é uma doença não inflamatória que altera a configuração da córnea, podendo afetar os dois olhos, sendo que pode ocorrer de forma mais intensa em um deles. Essa alteração faz com que a córnea fique com formato cônico e se projete para frente, comprometendo a visão. Sendo assim, é importante ficar atento aos sintomas da ceratocone.

Trata-se de uma doença genética rara, com evolução lenta. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), esse distúrbio atinge cerca de 4 a 6 pessoas a cada 100.000 indivíduos, com prevalência para a faixa de 13 a 18 anos, podendo progredir por 6 a 8 anos e estabilizar-se com o tempo.

Para um melhor entendimento sobre o assunto, falaremos sobre os principais fatores de risco, os sintomas e as formas de tratamentos para a ceratocone. Continue lendo para saber mais!

Os fatores de risco do ceratocone

As probabilidades para a ocorrência de ceratocone dependem de vários fatores que podem incluir desde a redução de colágeno até o ato de coçar os olhos com frequência.

Nesse sentido, o risco de desenvolvê-la é maior nas pessoas alérgicas (asma e rinite), pois estas apresentam muita coceira nos olhos ou que tendem a apertá-los. Outros fatores incluem a síndrome de Down ou alterações oculares congênitas, como a esclera azul, entre outras doenças.

É importante frisar que a coceira nos olhos precisa ser levada a sério, já que muitas crianças acabam se habituando ao ato. Nesse sentido, é importante que sejam examinadas por um oftalmologista que possa identificar a origem do incômodo e indicar um tratamento, quando necessário.

As fases do ceratocone

O ceratocone apresenta uma tendência de evolução em quatro fases. Veja, a seguir, o detalhamento de cada uma delas.

Fase inicial

Ocorrem leves alterações na visão, que podem ser corrigidas com o uso de óculos.

Segunda fase

Os óculos não conseguem corrigir o problema e observa-se o afinamento e a deformidade da córnea, bem como um elevado astigmatismo que exige o uso de lente de contato rígida para proporcionar uma visão mais nítida.

Terceira fase

A córnea se apresenta deformada, irregular e muito comprometida. Em alguns casos, é necessária uma adaptação com lente gelatinosa para protegê-la e outra rígida por cima (na parte mais externa) para corrigir o grau.

Quarta fase

O olho não segura mais a lente por conta da alteração no formato da córnea. Esta também pode se tornar opaca, embaçando a visão.

Os sintomas do ceratocone 

Os sintomas variam de acordo com o estágio em que a doença se encontra. Na fase inicial pode ocorrer:

  • coceira nos olhos;
  • comprometimento da visão noturna;
  • dor de cabeça;
  • fotofobia;
  • alteração no foco;
  • distorção visual de linhas retas que podem parecer dobradas ou onduladas;
  • percepção de círculos (halos) ao redor das fontes de luz.

Nas fases mais avançadas os sinais da ceratocone podem ser percebidos pelas seguintes alterações:

  • visão muito embaçada e distorcida;
  • aumento ou surgimento de astigmatismo e miopia;
  • perda de nitidez visual — as lentes de contato ou óculos não conseguem melhorar a acuidade;
  • sinal de Munson — aparência de um recorte em forma de cunha que ocorre quando o paciente olha para baixo e, a partir desse movimento, sua pálpebra inferior é empurrada pela córnea que apresenta formato cônico.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito com base no histórico clínico do paciente, queixas de perda da acuidade visual. Essa avaliação inclui um exame na lâmpada de fenda — aparelho que analisa o olho em detalhes.

Os principais exames complementares são a paquimetria corneana, a topografia computadorizada da córnea e a tomografia da córnea. Ambos são importantes para confirmar o diagnóstico, avaliar o grau de comprometimento da visão, verificar a progressão da doença e orientar o tratamento.

As formas de tratamento

A partir do diagnóstico e da identificação da fase em que a doença se encontra é possível analisar e definir o melhor tratamento. O objetivo é proporcionar uma boa visão ao paciente, garantir o conforto na utilização dos recursos necessários e preservar a saúde visual.

É importante observar que as alternativas de tratamento sempre são analisadas na seguinte ordem: óculos, lentes de contato e cirurgias.

Óculos

Os óculos de grau são indicados para a maioria dos casos iniciais da doença, quando o astigmatismo irregular ainda se apresenta em pequeno grau, permitindo a obtenção de uma melhor acuidade visual.

Lentes de contato

Nos casos em que os óculos não proporcionam uma boa visão, a lente de contato se torna a próxima alternativa. Em geral, são utilizadas as lentes rígidas gás-permeáveis (RGP), que buscam proporcionar uma melhor acuidade visual, assegurando a saúde da córnea.

Crosslinking

Trata-se de uma técnica que consolida um avanço importante para o tratamento do ceratocone e objetiva o fortalecimento das moléculas de colágeno corneano, a fim de evitar a progressão da sua deformação.

Ela consiste em raspar a superfície da córnea para remover o epitélio (camada mais externa do tecido) e aplicar colírio a base de vitamina B2, seguido de um feixe de luz ultravioleta. O procedimento é eficiente e realizado de forma rápida, com anestesia local, não exigindo internação.

Transplante de córnea

O transplante de córnea é indicado para os seguintes casos:

  • progressão da doença ao ponto em que a correção visual com as alternativas anteriores não proporciona melhoras;
  • presença de cicatrizes corneanas provocadas pelo uso de lentes de contato;
  • leucoma — perda da transparência da córnea (opacificação).

Implante de anel corneano

O implante de anel intracorneano é indicado principalmente para os pacientes de qualquer faixa etária que apresentam ceratocone em evolução, intolerância às lentes de contato e distorções acentuadas na córnea.

Trata-se de uma técnica cirúrgica que consiste na colocação de uma órtese no interior da córnea para alterar a curvatura, visando a sua correção.

O implante é feito de forma rápida e indolor, com anestesia local. É importante observar que essa técnica oferece a vantagem de ser reversível, podendo ser ajustada em caso de correção inadequada por meio da substituição da órtese.

Como vimos, a ceratocone é uma doença de fundo hereditário que pode ocorrer em pessoas com predisposição para o seu desenvolvimento ou ser provocada por aspectos externos. Dessa forma, é importante observar os fatores de risco, ficar atento às coceiras recorrentes e consultar um oftalmologista para realizar o diagnóstico e o tratamento.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre os sintomas da ceratocone, assine a newsletter e fique atualizado com os conteúdos do nosso blog — uma importante e rica fonte de informações sobre a saúde ocular!

Prof. Dr. Edmundo Almeida

Dr. Edmundo Almeida possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1976) e doutorado em Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG/1981). É pós-doutor pela Université Pierre et Marie Curie, de Paris (França). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é professor na Universidade Federal do Pará (UFPA) e na Universidade do Estado do Pará (UEPA), e preceptor na residência médica em oftalmologia do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (UFPA).

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