Toxoplasmose ocular: O que é ? Como se contamina? Qual o tratamento?

o-que-e-a-toxoplasmose-ocular

Atualmente, no Brasil, existem mais de 1,2 milhão pessoas com perda total da visão. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 60% das cegueiras são evitáveis. Isso significa que pelo menos 700 mil brasileiros ainda poderiam enxergar se os seus problemas de visão tivessem sido tratados.

Para evitar esse tipo de doença é preciso ter cuidados com a visão, como o consumo frequente de alimentos que melhoram a saúde dos olhos e a realização de consultas regulares com o oftalmologista. Principalmente porque, com o passar dos anos, o corpo fica sujeito a várias mudanças que podem alterar o nosso bem-estar, e a visão costuma ser um dos sentidos mais afetados pelo tempo.

Um importante exemplo de doença que pode afetar seriamente a visão é a toxoplasmose ocular, que requer atenção e cuidados especiais para ser prevenida e tratada. Elaboramos o texto de hoje para que você saiba mais sobre essa doença, seus sintomas, diagnóstico e tratamento. Acompanhe!

O que é a toxoplasmose ocular?

É uma doença infecciosa causada por um protozoário denominado Toxoplasma gondii, encontrado principalmente nas fezes de gatos e outros felinos. Esse parasita pode causar uma infecção que afeta vários órgãos do corpo humano, como cérebro, músculos e coração, além de provocar problemas oculares graves.

No caso específico da toxoplasmose ocular, a doença se desenvolve principalmente como uma uveíte infecciosa — inflamação do trato uveal (inclui íris, corpo ciliar e coroide), e/ou como inflamação da retina. Essas inflamações podem levar à formação de cicatrizes e comprometer a visão de forma permanente, dependendo da localização.

Infográfico - Toxoplasmose Ocular

Clique e baixe o nosso infográfico

Como a doença é transmitida?

O gato é o hospedeiro definitivo do Toxoplasma gondii, portanto as fezes desses animais representam a principal fonte de contaminação.

O ciclo do parasita acontece da seguinte forma:

  • o gato é o hospedeiro definitivo e os cistos com o protozoário são eliminados em suas fezes;
  • as fezes podem contaminar o solo, a água e também os alimentos;
  • os cistos são ingeridos pelos hospedeiros intermediários (porco, cabra, galinha);
  • a pessoa pode se contaminar com a ingestão de alimento e água contaminados ou ingestão da carne do hospedeiro intermediário que ingeriu o cisto.

Uma das principais formas de transmissão é pelo consumo de água contaminada e alimentos crus ou mal cozidos, como verduras, carnes vermelhas e peixes. O contato com fezes de gatos ou caixas de areia onde eles fazem suas necessidades também pode expor o ser humano à infecção pelo parasita.

Além disso, a infecção pode ser contraída pelo feto durante a gestação. Nesse caso, ela é chamada de congênita.

Qual é a principal causa de toxoplasmose ocular?

Na grande maioria dos casos a toxoplasmose ocular é resultante de uma infecção congênita. Os casos congênitos são transmitidos quando a mãe contrai a doença durante a gestação ou em um curto período antes dela. Dessa forma, o toxoplasma passa para o bebê através da placenta. Embora esse não seja o tipo de infecção mais comum, a toxoplasmose congênita é bastante grave.

Quando a infecção ocorre no início da gestação (1º trimestre), apenas 15% dos bebes serão infectados, mas as manifestações são mais sérias, incluindo acometimento grave do feto e aborto. Além disso, o bebê pode nascer prematuro, sofrer retardo de crescimento dentro do útero e desenvolver alguns quadros, como a miocardite (inflamação dos tecidos do coração), hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e do baço), microcefalia (tamanho reduzido do crânio), calcificações intracranianas, entre outros.

Estima-se, por exemplo, que cerca de 30% das crianças que contraíram toxoplasmose congênita no 1º trimestre de gestação terão manifestações oculares até os 12 anos, sendo que a gravidade pode variar e, em alguns casos, há perda total da visão.

No 2º trimestre as chances de contrair a infecção aumentam para 25%, mas as repercussões na saúde são menos sérias.

Se a infecção ocorrer no 3º trimestre 65% dos fetos serão infectados, mas os quadros graves são bastante raros.

Quais são os sintomas da doença?

A maioria das pessoas que entra em contato com o parasita (toxoplasmose sistêmica) apresenta apenas sintomas inespecíficos como dor de cabeça, dor muscular e febre, que podem durar algumas semanas, sem qualquer outro agravo à saúde. Esse é o caso de pessoas saudáveis, que conseguem combater o parasita antes que ele possa causar danos mais graves.

Assim, ele é mantido inativo. No entanto, se houver algum problema de saúde que prejudique o sistema imunológico, a infecção pelo parasita pode ser reativada e causar complicações mais sérias que o quadro inicial. Nesses casos, a reativação pode afetar diversos sistemas, como o cérebro, o coração e os olhos.

Quando esse micro-organismo afeta os olhos, o indivíduo pode apresentar também:

  • visão turva ou embaçada;
  • perda da visão;
  • fotofobia (sensibilidade ocular à luz);
  • vermelhidão ocular;
  • dor nos olhos;
  • moscas volantes.

Como confirmar o diagnóstico?

O diagnóstico de toxoplasmose ocular é feito pelo médico oftalmologista por meio de avaliação clínica dos sinais e sintomas, além de exames sorológicos complementares, como a dosagem das imunoglobulinas IgG e IgM para a toxoplasmose, bem como do exame de mapeamento de retina para avaliar a presença de lesões ou cicatrizes na retina.

É importante salientar que o diagnóstico de toxoplasmose ocular é dado pelo médico oftalmologista (sobretudo o retinólogo), baseado no aspecto da lesão de fundo de olho. Ao observar o fundo de olho de um paciente com toxoplasmose ocular em atividade, é possível identificar uma lesão esbranquiçada na retina com limites imprecisos.

À medida que o tratamento vai surtindo efeito a lesão vai ficando com os bordos mais precisos. Nesse estágio dizemos que a doença está em remissão ou em involução. Tardiamente, a lesão adquire uma coloração escurecida, típica da doença inativa ou cicatricial.

 

Toxoplasmose ocular: O que é ? Como se contamina? Qual o tratamento?

Imagem de fundo de olho (retina) onde observa-se uma lesão de toxoplasmose em atividade.

Toxoplasmose ocular: O que é ? Como se contamina? Qual o tratamento?

Imagem de fundo de olho (retina) onde observa-se uma lesão de toxoplasmose em remissão.

Toxoplasmose ocular: O que é ? Como se contamina? Qual o tratamento?

Imagem de fundo de olho (retina) onde observa-se uma lesão cicatricial de toxoplasmose.

Como é feito o tratamento?

O tratamento da toxoplasmose ocular é semelhante ao tratamento da toxoplasmose que afeta outros órgãos, feito com o uso de antibióticos e corticoides. Além disso, são utilizados colírios específicos para alívio da dor e da inflamação nos olhos. O objetivo é evitar a multiplicação do parasita e, consequentemente, minimizar os danos causados à retina.

Os principais antibióticos utilizados são o trimetoprim e o sulfametoxazol, associados ao corticoide prednisona. Nos casos de transmissão placentária e infecção congênita, o tratamento do recém-nascido é diferenciado, feito durante o primeiro ano de vida com pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico.

Em todos os casos, o início do tratamento deve ser o mais rápido possível, evitando o agravamento do quadro e prevenindo as cicatrizes na retina geradas pelo avanço da inflamação.

É importante ressaltar que o tratamento elimina grande parte da doença, porém há a possibilidade de alguns parasitas ficarem alojados na cicatriz da doença. Portanto, sempre é necessário orientar os pacientes que gripes intensas, perdas de peso, falta de sono ou quaisquer outras condições que possam provocar uma queda na resistência imunológica do indivíduo pode precipitar a uma recidiva do quadro de toxoplasmose ocular.

Até o momento, não é possível reverter as lesões e cicatrizes que já tiverem se instalado na retina do paciente.

Whatsapp (91) 99343-2015

Quais são as formas de prevenção?

O melhor a se fazer em relação à toxoplasmose ocular é prevenir a doença, a partir de cuidados simples como:

  • cozinhar bem os alimentos, principalmente as carnes;
  • lavar frutas, legumes e verduras antes do consumo;
  • evitar comer em locais onde não se pode confiar na higiene do preparo dos alimentos;
  • não beber água de locais possivelmente contaminados;
  • ao desconfiar da qualidade da água, deve-se fervê-la antes de consumi-la;
  • gestantes devem evitar contato com gatos, pelo risco de estarem contaminados;
  • fazer pré-natal adequado, com realização de exames sorológicos para toxoplasmose.

Fazer consultas médicas de rotina é extremamente importante principalmente antes de tentar engravidar. É sugerido que a mulher faça diversos exames. Um deles é a sorologia para toxoplasmose, em que pode-se confirmar se há ou não imunidade para a doença. Uma boa parte das pessoas já teve contato com o parasita e, assim, adquiriu imunidade contra ele. Caso não tenha acontecido, o médico poderá orientar a futura mãe sobre as formas de prevenção e os perigos de contrair a infecção durante a gestação.

O pré-natal é o conjunto de consultas que a mãe realiza antes do bebê nascer, a fim de atestar a sua saúde e tratar possíveis doenças. No primeiro trimestre, quando as consequências da infecção são mais graves, deve ser feita a primeira sorologia para toxoplasmose. As gestantes que tiverem o diagnóstico de toxoplasmose durante a gravidez devem iniciar o tratamento precocemente, de forma a impedir que a doença seja transmitida via placenta.

Trata-se de uma doença que, se não diagnosticada e tratada precocemente, pode trazer consequências sérias e permanentes para a visão, assim como para outros sistemas do corpo humano. Por isso, vale a pena estar atento principalmente aos cuidados de prevenção e aos sintomas iniciais.

É importante salientar que a criança infectada pelo toxoplasma durante a gravidez deverá fazer um acompanhamento mais rigoroso de sua saúde, a fim de diagnosticar e tratar rapidamente qualquer alteração que possa ocorrer em sua visão. Para tanto, é fundamental ter um oftalmologista de confiança e especialista em alterações que a doença causa. Afinal, mesmo que o bebê não tenha manifestações ao nascimento, elas podem surgir em uma idade mais avançada, como a pré-escolar.

Se você quiser saber um pouco mais sobre outras doenças inflamatórias que afetam os olhos leia este post e baixe esse e-book.

Agora ficou mais fácil entender a importância da prevenção e tratamento da toxoplasmose ocular? Nos siga nas redes sociais e leia mais artigos interessantes sobre os cuidados com a visão! Estamos no Facebook, Twitter e Instagram!

 

 

Prof. Dr. Alexandre Rosa

Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Compartilhar
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp
Receba nossos conteúdos exclusivos!
Assine a newsletter para se manter atualizado de todas as novidades


Skip to content