Qualquer remédio precisa ser utilizado de maneira correta para surtir o efeito desejado pelo paciente. Ainda que possa parecer muito simples pingar algumas gotas nos olhos, muitas pessoas apresentam dúvidas sobre quando e como usar colírio.
Antes de tudo, devemos lembrar que essa substância é um medicamento, o que significa que deve ser usada apenas com recomendação médica. É importante enfatizar isso, pois aguns colírios, se administrado de forma equivocada, podem provocar efeitos colaterais ou mesmo não alcançar a eficácia esperada no tratamento.
A automedicação pode levar a consequências graves a longo prazo. Para evitar que isso aconteça, e cuidar sem erros da sua saúde ocular, procure estar sempre informado e bem orientado. Pensando nisso, organizamos este material para você saber mais sobre o assunto. Não deixe de conferir!
Quais os tipos de colírios e para quais casos são indicados?
Os colírios são indicados para tratamento de vários de problemas oculares: olho seco, alergia e inflamação são alguns dos mais comuns. Tendo isso em vista, é preciso saber que existem diferentes tipos do medicamento no mercado, cada um indicado para um caso específico. Vamos conhecê-los?
Lubrificantes
Adequados para quem apresenta sintomas da síndrome do olho seco ou irritação e ardor causados por fumaça, poeira, poluentes, calor seco, exposição frequente a ar condicionado, vento, computador etc. Também podem ser utilizados por quem faz uso de lente de contato e sente frequentemente secura nos olhos.
Antibióticos
Receitados para tratamento de infecções provadas por bactérias (conjuntivites bacterianas). A maior parte desses colírios está associada aos anti-inflamatórios, visto que os últimos auxiliam na redução das inflamações e dos desconfortos provenientes delas.
Anti-inflamatórios
Indicados em situações pós-cirúrgicas, assim como terapêutica de enfermidades oculares como ceratite (inflamação na córnea), conjuntivite viral ou crônica.
Antialérgicos
Recomendado para alívio das manifestações sintomáticas de conjuntivite alérgica, tais como: vermelhidão, inchaço, irritação e coceira.
Anestésicos
Aconselhado como preparatório de procedimentos oftalmológicos, visto que amenizam a sensibilidade ocular e as dores. Porém, é preciso ter cuidado para não se machucar, pois como a substância diminui a sensibilidade, o paciente pode coçar o olho e lesionar a córnea sem perceber.
Tratamento de glaucoma
Visa atenuar os efeitos e evitar a perda visual causada pelo glaucoma — doença que ocasiona aumento da pressão intraocular e pode provocar danos irreversíveis à visão, podendo levar, inclusive, à cegueira.
Como usar colírio de modo adequado?
A primeira coisa a ser feita é higienizar muito bem as mãos. Em seguida, deite-se ou incline bem a cabeça para trás. Puxe um pouco a pálpebra inferior, olhe para cima, aperte o frasco levemente e aplique o colírio na porção interna da pálpebra inferior do olho sob tratamento (chamamos essa parte de saco conjuntival).
Use apenas 01 gota em cada olho, visto que essa é a capacidade máxima de absorção do olho por vez — não adianta pingar mais, pois o restante vai escorrer. Em caso de esquecimento, pode-se aplicar o colírio até algumas horas depois. No entanto, cuidado para que situações assim não se tornem um hábito.
Se for necessário usar mais de um medicamento, é preciso esperar que o olho absorva integralmente o colírio. De maneira geral, sugere-se esperar de 5 a 10 minutos entre a aplicação de um medicamento e de outro.
É importante destacar também que, antes de aplicar um colírio, é bom lembrar-se de agitá-lo bem, para que as substâncias em suspensão sejam misturadas. Caso contrário, pode ser que ele não surta o efeito desejado.
Quais são os cuidados necessários?
Além de estar atento às instruções em relação ao modo correto de aplicar o colírio, é importante respeitar alguns cuidados básicos que devem ser tomados para evitar complicações oculares. Listamos abaixo as principais precauções!
Não encoste a ponta do frasco nos olhos
A ponta do frasco costuma carregar micro-organismos que podem originar irritações e até infecções. Além disso, o medicamento também pode ser contaminado ao entrar em contato com a superfície ocular já infectada.
Não compartilhe com outra pessoa
O colírio de uma pessoa deve ser utilizado exclusivamente por ela, ou seja, não deve ser compartilhado com nenhuma outra pessoa. Ainda que se tenha o cuidado de não encostar o aplicador, o risco de contaminação prossegue existindo.
Armazene o produto corretamente
Conserve o produto conforme especificado na bula. De maneira geral, ele deve ser sempre armazenado fechado. E atente-se, pois nem todos devem ser guardados na geladeira.
Não recorra à automedicação
Por fim, devemos destacar que a automedicação implica em diversos riscos. Os colírios têm ações específicas para tratar diferentes sintomas e doenças, além disso, as recomendações de uso variam de pessoa para pessoa. Sendo assim, apenas um médico oftalmologista tem os conhecimentos necessários para prescrever o medicamente mais adequado e eficiente para cada caso.
Quais são os riscos da administração incorreta?
Ao se falar em colírio, é preciso desconstruir o mito de que ele é um medicamento inofensivo e que o único risco de seu uso incorreto é a perda da eficácia desejada. Infelizmente, esse é apenas um, e o menor, dos problemas causados pela administração inadequada do produto.
As complicações mais graves estão, em sua maioria, relacionadas à automedicação e à superdosagem, uma vez que dentro da classe dos colírios estão incluídos vários tipos de medicamentos com indicações diferentes, como antibióticos, antialérgicos e betabloqueadores.
Dessa maneira, o colírio pode reagir com outros medicamentos e substâncias no organismo — ou mesmo responder de uma forma totalmente inesperada — provocando efeitos colaterais. As consequências adversas mais frequentemente relatadas por pacientes são: dores de cabeça e nos olhos, enjoo, pressão alta, inchaço e irritação nos olhos.
O medicamento pode também mascarar os sintomas de uma determinada doença, impedindo que as causas do distúrbio sejam efetivamente combatidas. Todos esses problemas e, principalmente, a piora do quadro clínico e a perda (parcial ou total) de visão são problemas que podem ser evitados, desde que se tome os devidos cuidados e efetue consultas regulares ao seu oftalmologista.
Se necessário, demonstre ao seu médico a maneira como você está aplicando o colírio para que ele te dê orientações mais especializadas. Além disso, nunca omita informações em sua consulta, descreva cada um de seus sintomas e diga quais remédios você faz uso.
É sempre bom lembrar que qualquer que seja o tipo de medicação que esteja utilizando, ela pode oferecer efeitos colaterais, mesmo que seja manipulada adequadamente. Ainda assim, é possível minimizar os riscos. Por isso, no caso de aparecimento de algum sintoma anormal, suspenda imediatamente o uso e procure orientação profissional.
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Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).