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Sífilis ocular: saiba mais sobre esta doença que pode levar a cegueira.

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A sífilis ocular é alvo de preocupação crescente por parte dos oftalmologistas. O motivo é que há fortes indícios de uma epidemia de sífilis no Brasil, uma doença venérea que acomete vários órgãos e pode levar à complicações oculares.

Apesar de não haver levantamentos específicos sobre o número de brasileiros com perda da visão causada pela sífilis, dados do Ministério da Saúde apontam que a cegueira provocada pela doença está em ascensão.

Para um melhor entendimento sobre o assunto, reunimos, neste artigo, informações sobre a doença, abordando suas causas, tratamento e prevenção. Continue a leitura para saber mais!

O que é Sífilis Ocular

A sífilis ocular é uma manifestação da neurossífilis, que provoca uma infecção no cérebro ou na coluna espinhal em pessoas com sífilis, que foram infectadas e não receberam o devido tratamento.

Embora tenha uma maior probabilidade de ocorrer na fase terciária da doença, de acordo com o Centro de Controle de Doenças (o CDC) dos EUA, ela pode surgir durante qualquer estágio da sífilis, inclusive no primário e secundário.

Dessa forma, é importante entender como a doença se desenvolve em cada um dos estágios, como podemos ver a seguir. Acompanhe!

Sífilis Latente

Esse é um estado inativo da sífilis, que não apresenta sintomas. A doença pode ficar nessa condição por muito tempo sem que o paciente perceba. Embora não apresente sintomas, pode ter um desenvolvimento pelo surgimento de sinais da forma secundária ou terciária.

Sífilis Primária

Os sintomas se manifestam de 10 a 90 dias após a infecção pela bactéria Treponema pallidum, com o aparecimento de feridas indolores (cancros) no local infectado — normalmente na região genital, mas também podem surgir na boca ou ânus.

As feridas desaparecem mesmo sem tratamento e não deixam cicatrizes, porém, a bactéria torna-se inativa (dormente) no organismo.

Sífilis Secundária

Esse estágio ocorre após duas a oito semanas do surgimento das primeiras feridas. Calcula-se que cerca de 33% dos pacientes que não receberam tratamento no primeiro estágio desenvolvem esse nível da doença.

Os sintomas podem incluir coceira, vermelhidão pelo corpo (exantema) e aparecimento de íngua (gânglios inchados) no pescoço e axilas. Também é possível causar febre e dores que atingem os músculos, garganta e cabeça.

Normalmente, esses sintomas desaparecem mesmo sem tratamento após cerca de 15 dias, porém, a bactéria fica residente no organismo, facilitando o desenvolvimento para o próximo estágio. Nessa fase, a doença ainda é transmissível por meio do contato com a região infectada.

Sífilis Terciária

A terciária, ou neurossífilis, é a que ocorre quando a infecção permanece sem tratamento por anos. Nesse estágio, a identificação da doença é mais difícil, já que pode apresentar sintomas comuns a diversas doenças e, também, pelo fato de envolver grandes vasos (como a aorta), olhos, cérebro, coração, articulações e até o sistema nervoso.

É a fase mais grave da doença, que pode provocar cegueira. Embora o tratamento para a infecção da sífilis possa impedir o avanço dos danos oculares, nesse estágio a doença pode comprometer outros órgãos de maneira irreversível. Algumas formas de neurossífilis podem ser até mesmo mortais.

Sífilis Congênita

É quando a mãe infectada transmite a doença para o bebê, durante a gravidez ou por meio da placenta, na hora do parto. A maioria dos bebês que nascem infectados não apresentam sintomas da doença. Entretanto, alguns sinais indicativos podem ocorrer, como rachaduras nas solas dos pés e palmas das mãos.

Posteriormente, a criança pode desenvolver sintomas mais graves, como deformidades nos dentes e surdez.

Alterações Oculares Causadas pela Doença

A sífilis pode causar alterações oculares nas diversas fases da doença, e muitas vezes, é confundida com outras doenças. Veja, a seguir, alguns dos principais sintomas.

1. Olhos Avermelhados

A condição de olhos vermelhos, também conhecida como uveíte, pode, muitas vezes, ser confundida com a conjuntivite.

A uveíte é uma inflamação ocular que compromete toda a área da úvea ou uma de suas partes (corpo ciliar, coroide e íris). Em alguns casos, a inflamação atinge também o nervo óptico e a retina.

2. Visão Turva ou Embaçada

Um dos sintomas de sífilis ocular é o embaçamento da visão, com a percepção de objetos borrados, dificuldade de distinguir os rostos das pessoas e uma sensação de que as letras se mexem no livro ou no computador.

Essas alterações também se apresentam em outras doenças não relacionadas à sífilis, como diabetescatarata, doença de Graves, glaucoma, entre outras.

3. Fotofobia

fotofobia é a intolerância ou sensibilidade acentuada à luz, podendo ser provocada pela luminosidade artificial ou natural. Essa é uma das principais queixas a que se referem os pacientes diagnosticados com sífilis.

A sífilis pode levar à perda da visão por dificultar a chegada da luz até a retina, bem como o transporte do estímulo luminoso para o cérebro. Por meio de um exame de fundo de olho é possível verificar alterações funcionais e anatômicas, como o descolamento da retina.

4. Perda da Visão

Quando não tratada de maneira adequada, a sífilis ocular pode provocar a cegueira quando afeta e destrói as estruturas oculares mais nobres, como nervo óptico, retina, mácula e coroide.

A sífilis congênita pode ser responsável por vários comprometimentos oculares na criança, como redução do globo ocular, lesões da retina, catarata e cegueira.

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Como a Doença é Contraída

Como visto anteriormente, a sífilis é uma doença provocada por uma bactéria (Treponema pallidum pallidum) transmitida principalmente na relação sexual desprotegida. A infecção ocorre facilmente por meio de qualquer corte, arranhão ou ferida na pele, mas principalmente pela mucosa genital e bucal.

Bactérias, de maneira geral, são microrganismos cuja transmissão e contágio podem ocorrer de modo muito fácil e rápido. Tudo depende basicamente da relação do patógeno (a bactéria) com o seu hospedeiro (o paciente infectado).

Essencialmente, a transmissão da sífilis se dá, em sua quase totalidade, por meio de relação sexual ou no caso da gestante para o filho. No entanto, também pode ocorrer por outros meios, cada um com características próprias e possibilidades distintas.

Transmissão por Relação Sexual

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) transitando de uma pessoa infectada para o parceiro em todas as formas de relação (principal forma de contágio). Nesse sentido, as pequenas abrasões ocorridas nas mucosas durante o ato sexual constituem a mais importante porta de entrada da bactéria.

Deve-se levar em conta que o beijo, ao colocar em contato as mucosas bucais dos parceiros, pode ser uma via de transmissão efetiva. Nesse caso, o risco existe e se intensifica sempre que houver qualquer lesão interna na boca.

O paciente transmissor, na quase totalidade dos casos, é aquele que se encontra na fase primária ou secundária da doença. A presença de feridas, mesmo muito pequenas, aumenta drasticamente a possibilidade da transmissão por essa via.

Transmissão da Mãe para o Filho em Gestação

A sífilis transmitida da mãe para o seu filho em gestação ou durante o parto (sífilis congênita) é considerada de transmissão vertical. Todas as demais formas de contágio constituem casos de sífilis adquirida.

Assim, a transmissão vertical resulta da presença da bactéria no sangue da mãe que circula para o filho em desenvolvimento no útero. O mesmo pode ocorrer no momento do parto, por meio da placenta.

A ocorrência desse tipo de transmissão, assim como seus principais efeitos, pode ser minimizada com a realização regular dos exames pré-natais. A gestante que realiza o acompanhamento prescrito consegue identificar a doença e iniciar o tratamento logo no início, evitando a evolução da doença.

Transmissão por Transfusão de Sangue

De maneira geral, a transmissão da sífilis por transfusão de sangue atualmente é considerada rara em função dos protocolos definindo procedimentos rígidos. Além da sífilis, outras importantes doenças também podem ser transmitidas por essa via.

Desse modo, processos de pré-triagem seguidos de triagem dos doadores são complementados por análise do sangue coletado, reduzindo significativamente qualquer risco. Além disso, os procedimentos adotados para o estoque de sangue nos hemocentros não permitem a sobrevivência da bactéria por muito tempo.

Transmissão por Compartilhamento de Seringas e Agulhas

A sífilis pode ser transmitida por meio do compartilhamento de seringas e agulhas, especialmente quando de sua utilização para o consumo de drogas injetáveis. Do mesmo modo, a ocorrência de contaminação acidental com agulhas de injeção utilizadas por pacientes contaminados também já foi registrada.

Transmissão por Outras Formas

Além das já referidas, a bactéria causadora da sífilis também pode ser transmitida pelo uso de objetos contaminados, pelo contato direto com feridas recentes e pela submissão a transplante de órgão. São formas raras de contágio em função dos procedimentos atualmente adotados, mas possíveis, embora com poucos casos registrados.

Dessa forma, os principais cuidados que devem ser adotados para redução das formas de transmissão da doença podem ser assim resumidos:

  • uso de preservativo nas relações sexuais;
  • realização de todos os exames pré-natais prescritos para a gestante;
  • não compartilhamento de seringas e agulhas.

Tratamento e Prevenção da Sífilis

Na maioria dos casos, o tratamento é realizado com penicilina (antibiótico). Quando administrado corretamente, algumas alterações oculares podem ser revertidas. Entretanto, em casos de complicações, com a falta de tratamento a perda da visão pode ser irreversível.

Além disso, deve haver um acompanhamento da doença por meio de exames clínicos e laboratoriais, inclusive, por parte dos parceiros sexuais.

Prevenção

A melhor forma de prevenir a infecção é por meio da adoção de práticas sexuais seguras, com o uso de preservativos masculinos ou femininos, bem como o acompanhamento pré-natal.

Também é fundamental que os pacientes evitem contato sexual até terminarem o tratamento e avisem às pessoas que mantiveram relacionamentos íntimos. Veja, a seguir, os riscos de contágio de acordo os estágios da doença:

  • estágio primário — todos os parceiros dos últimos três meses apresentam riscos de estarem infectados;
  • estágio secundário — todos os parceiros do ano anterior podem desenvolver a doença.

Nesse sentido, os parceiros também devem se submeter à triagem com um exame de pesquisa de anticorpos, por meio de amostra de sangue. Para os resultados positivos, o tratamento deve ser iniciado imediatamente.

Como pudemos observar, a sífilis ocular é um agravamento da infecção por sífilis e, dependendo do estágio da doença, pode levar à cegueira. Dessa forma, é fundamental se consultar com um médico oftalmologista aos primeiros sinais de qualquer alteração na visão.

Este artigo foi útil? Caso tenha restado alguma dúvida sobre a sífilis ocular ou esteja sentindo alguns dos sintomas comentados, entre em contato conosco!

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