O nascimento de um bebê é sempre um momento de muita alegria para a família. Porém, quando ele chega antes do tempo previsto, pode gerar preocupações devido a eventuais riscos à saúde. Uma das doenças capazes de afetar o recém-nascido é a retinopatia de prematuridade (ROP).
Trata-se de um distúrbio ocular que afeta a retina de crianças prematuras. Embora possa ser prevenida, quando não diagnosticada e tratada corretamente, o problema provoca alterações na visão e até mesmo a cegueira.
Nesse sentido, é importante saber mais sobre a ROP para proteger a saúde do bebê. Para ajudar você a entender o assunto, criamos este artigo. Continue lendo e saiba as causas, o tratamento, a prevenção e mais informações sobre a retinopatia de prematuridade.
O que é a retinopatia de prematuridade?
Para entender o que é retinopatia de prematuridade, é preciso compreender mais sobre a retina. Trata-se de uma membrana localizada na parte posterior do olho, cuja função é transformar a luz que chega aos olhos em impulsos elétricos que serão enviados até o cérebro.
Se você deseja saber mais sobre essa estrutura do olho, confira abaixo o vídeo que preparamos.
A retinopatia ocorre porque a vascularização da retina só se completa próximo dos 9 meses. Dessa forma, quando o bebê nasce antes, em geral, essa estrutura ainda apresenta uma porção sem vasos, já que é necessário 40 semanas de vida uterina para a formação completa.
Deste modo, o aparecimento da retinopatia de prematuridade está relacionado à interrupção da formação dos vasos sanguíneos da retina, devido à prematuridade no nascimento. Essa parte avascular da membrana produz uma substância chamada VEGF, que irá estimular a formação de vasos novos, chamados neovasos, que são mais frágeis.
Por isso, podem sangrar e formar cicatrizes que puxam essa estrutura, fazendo com que ela se solte da parte de trás do olho. Como consequência, há o que chamamos de descolamento de retina, a principal causa de deficiência visual e cegueira na ROP.
Essa doença afeta principalmente bebês com menos de 32 semanas de gestação e peso abaixo de 1500 gramas. Outro grande fator de risco é o uso de oxigênio em UTIs neonatais para auxiliar na respiração dos prematuros. A oxigenação causa ainda mais desorganização na configuração dos vasos sanguíneos, aumentando a probabilidade de surgimento da retinopatia de prematuridade.
Saiba mais sobre essa enfermidade no vídeo abaixo. Basta dar play!
Estágios da doença
A retinopatia de prematuridade é classificada em cinco estágios de acordo com a gravidade. São eles:
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estágio I: crescimento discreto dos vasos sanguíneos. Muitas crianças melhoram sem tratamento, com possibilidade de desenvolver visão normal;
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estágio II: vasos com anormalidade moderada. Como no caso anterior, a doença pode se resolver naturalmente, sem complicações;
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estágio III: os vasos sanguíneos crescem em direção ao centro do olho, indicando um agravamento da doença e a necessidade de tratamento para prevenir o descolamento da retina;
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estágio IV: a retina se apresenta parcialmente descolada e
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estágio V: total descolamento da retina, capaz de causar deficiência visual severa e até cegueira.
Na maioria dos casos, a ROP se apresenta nos estágios I ou II. Entretanto, em alguns bebês, a doença pode se desenvolver rapidamente. Por esse motivo, é vital que a equipe neonatal encaminhe os prematuros de risco a um exame oftalmológico detalhado.
Os bebês com esse distúrbio são considerados mais propensos a desenvolver certos problemas oculares no decorrer da vida, como:
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descolamento de retina;
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miopia;
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estrabismo (olho torto);
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ambliopia (olho preguiçoso) e
Quais são as causas da retinopatia de prematuridade?
Os principais fatores de risco estão relacionados à prematuridade no nascimento e excesso de oxigênio recebido em UTIs neonatais. Outros aspectos que contribuem para o risco de ROP incluem:
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deficiência de vitamina E;
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dificuldades respiratórias e
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transfusões de sangue.
Como se dá o diagnóstico da doença?
A retinopatia da prematuridade não apresenta sintomas. Sendo assim, o diagnóstico depende de um exame cuidadoso de fundo de olho por um oftalmologista bem treinado.
Entre as opções disponíveis, pode-se realizar o mapeamento de retina. Dê play no vídeo abaixo e saiba mais.
As complicações da visão, ou mesmo cegueira completa, podem ser notadas a partir dos três ou quatro meses de vida. Portanto, é imprescindível que os bebês recebam tratamento imediato e sejam examinados periodicamente.
Os exames oculares devem ser realizados a partir do primeiro mês de vida e repetidos a cada uma ou duas semanas, até que o crescimento dos vasos sanguíneos da retina esteja concluído.
Os bebês em estágio grave precisam ter acompanhamento constante ao longo da vida.
Como é o tratamento?
Nos estágios mais leves da retinopatia de prematuridade pode haver regressão natural, exigindo apenas o acompanhamento frequente de um oftalmologista. Já os casos graves exigem tratamento.
Os principais métodos adotados para impedir a progressão da doença são:
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laser: aplicação na área avascular da retina periférica para interromper a produção de VEGF e, portanto, dos neovasos e reduzir o risco de descolamento da retina;
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medicamentos antiangiogênicos: drogas usadas para inibir a produção de VEGF e
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vitrectomia: cirurgia adotada para os casos mais graves, que apresentam descolamento da retina.
Entenda mais sobre a cirurgia de vitrectomia no vídeo abaixo.
Recuperação
Em casos de cirurgia, o bebê necessita ficar internado por pelo menos um dia até que esteja completamente recuperado dos efeitos da anestesia. O procedimento é feito com anestesia geral.
O tratamento da retinopatia de prematuridade exige consultas regulares com um oftalmologista a cada duas semanas para avaliar o andamento.
É possível prevenir a ROP?
A prevenção é a melhor maneira de impedir o surgimento de maiores complicações visuais. Desta forma, os bebês que apresentam riscos no desenvolvimento da retinopatia de prematuridade precisam ser investigados e acompanhados em caráter de urgência.
Os principais modos de prevenção são:
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visita do oftalmologista à UTI neonatal para avaliação do prematuro;
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exame de mapeamento de retina na quarta semana de vida e
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bom programa pré-natal para evitar a prematuridade no nascimento.
Mesmo os bebês que demonstram regressão espontânea devem ser acompanhados por um oftalmologista. Isso porque há riscos de outros problemas de visão, como estrabismo e diferenças de grau entre os olhos, como já falado anteriormente.
Como foi possível observar, a retinopatia de prematuridade consiste em uma das maiores causas de cegueira infantil no Brasil e a falta de cuidados imediatos pode levar ao agravamento da doença. Portanto, é primordial adotar medidas de prevenção e ficar atento às providências que a equipe médica toma em relação aos bebês prematuros.
Se você quer saber ainda mais sobre essa doença, confira uma live que realizamos com esse tema.
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Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).