Existem muitas dúvidas sobre uso do laser na oftalmologia, principalmente relacionadas à situação em que esse tipo de tratamento é indicado, quais são os seus efeitos para o olho e se há algum risco durante o procedimento.
Para responder todas essas perguntas e falar mais sobre a retinopatia diabética, uma doença que é tratada por meio do laser, o Dr. Alexandre Rosa conduziu uma live com a Dra. Thais Mendes e o Dr. Renato Palácios, todos médicos aqui da RetinaPro. Confira os melhores momentos e tire suas dúvidas sobre esse tratamento da oftalmologia.
O laser é indicado para o tratamento da retinopatia diabética. O que é essa doença e o que ela pode causar no olho?
Dra. Thais: Esse é um tema muito importante, e no dia a dia do consultório fazemos muitas avaliações de pacientes que têm diabetes de longa data e precisam de um exame de fundo de olho para avaliar a retinopatia diabética.
A diabetes afeta vários órgãos, principalmente a parte vascular do organismo, e acaba afetando os olhos, que têm as menores veias e artérias de todo o corpo. Apenas por meio do exame de fundo de olho é possível observar essas alterações em pacientes com diabetes descontrolados de longa data.
Com o mapeamento de retina, é possível encontrar essas alterações vasculares no fundo do olho, que normalmente são vazamentos e microhemorragias.
A retinopatia diabética pode causar essas alterações e, nos casos mais graves, levar a hemorragia dentro do olho. Muitas vezes, o laser acaba sendo necessário nas fases avançadas para conter essa alteração vascular, que pode levar a esses sangramentos.
Costumo dizer para os meus pacientes no consultório que é como uma cauterização dos pontos de vazamento da retina causados pelo diabetes. Infelizmente, o que muito acontece é o paciente falar que começou o tratamento e houve uma piora no caso, mas, na realidade, o laser vai acompanhando a doença e o seu agravamento.
Quando chega ao ponto de precisar recorrer a esse procedimento, significa que a doença já atingiu uma fase mais avançada e que o tratamento não consegue resolver tudo, mas ainda é indicado.
O laser para o tratamento diabetes é chamado de panfotocoagulação. Essa aplicação pode durar entre uma e quatro sessões, dependendo da disponibilidade do paciente no dia. Ela é feita no consultório e não precisa de anestesia com anestesista.
O médico usa um colírio anestésico e relativamente tolerável. As complicações do laser estão relacionadas mais com a parte inflamatória e com as hemorragias da própria diabetes. Por isso, os pacientes com diabetes precisam do acompanhamento frequente, justamente para que quando comecem a fazer esse tratamento, façam forma precoce para evitar sangramentos.
Qual é o efeito colateral do laser? Ele faz mal? Posso ter algum problema por causa desse tratamento?
Dr. Renato: O laser, nesse caso da diabetes, deve ser feito. A gente, enquanto médico, tem que encorajar quando o paciente tem indicação. Esse tratamento da oftamologia é a arma que temos, nessas formas graves, de tentar paralisar a progressão da doença para evoluir para uma forma que precise de cirurgia, o que ocorre em casos mais complexos.
Ele tem alguns efeitos colaterais, dói um pouquinho e às vezes o paciente pode ficar um pouco enjoado no dia da aplicação. Mas, se formos pesar o risco e o benefício, o benefício ganha.
Qual é o futuro do laser na oftalmologia?
Dra. Thais: Eu acredito que o laser é um grande avanço para as patologias da retina. Ter essa opção como armamento para tratar as doenças da retina e prevenir outras doenças é muito bom. Procure fazer exames periódicos e faça o acompanhamento com o exame de fundo de olho e mapeamento da retina, por meio deles é possível diagnosticar precocemente essas alterações.
E, se você já teve algum tipo de alteração, continue fazendo acompanhamento com o seu retinólogo para saber quando é necessário esse procedimento.
Dr. Renato: O laser é o padrão ouro para diversas doenças há muitos anos. Tratamentos novos vão surgindo, mas ele vai ficando porque realmente consegue, em alguns casos, parar a progressão de patologias.
Eu não vejo hoje, no momento, perspectivas de esse tratamento da oftalmologia deixar de ser o indicado, por isso, confie no seu médico, faça acompanhamento regular e, se ele indicar esse procedimento, faça, porque é um tratamento excelente para algumas doenças.
Caso você queira conferir como foi a nossa live e saber mais informações sobre o laser na oftalmologia, dê play no vídeo abaixo.
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Retinopatia de prematuridade: o que é e como tratar?O nascimento de um bebê é sempre um momento de muita alegria para a família. Porém, quando ele chega antes do tempo previsto, pode gerar preocupações devido a eventuais riscos à saúde. Uma das doenças capazes de afetar o recém-nascido é a retinopatia de prematuridade (ROP).
Trata-se de um distúrbio ocular que afeta a retina de crianças prematuras. Embora possa ser prevenida, quando não diagnosticada e tratada corretamente, o problema provoca alterações na visão e até mesmo a cegueira.
Nesse sentido, é importante saber mais sobre a ROP para proteger a saúde do bebê. Para ajudar você a entender o assunto, criamos este artigo. Continue lendo e saiba as causas, o tratamento, a prevenção e mais informações sobre a retinopatia de prematuridade.
O que é a retinopatia de prematuridade?
Para entender o que é retinopatia de prematuridade, é preciso compreender mais sobre a retina. Trata-se de uma membrana localizada na parte posterior do olho, cuja função é transformar a luz que chega aos olhos em impulsos elétricos que serão enviados até o cérebro.
Se você deseja saber mais sobre essa estrutura do olho, confira abaixo o vídeo que preparamos.
A retinopatia ocorre porque a vascularização da retina só se completa próximo dos 9 meses. Dessa forma, quando o bebê nasce antes, em geral, essa estrutura ainda apresenta uma porção sem vasos, já que é necessário 40 semanas de vida uterina para a formação completa.
Deste modo, o aparecimento da retinopatia de prematuridade está relacionado à interrupção da formação dos vasos sanguíneos da retina, devido à prematuridade no nascimento. Essa parte avascular da membrana produz uma substância chamada VEGF, que irá estimular a formação de vasos novos, chamados neovasos, que são mais frágeis.
Por isso, podem sangrar e formar cicatrizes que puxam essa estrutura, fazendo com que ela se solte da parte de trás do olho. Como consequência, há o que chamamos de descolamento de retina, a principal causa de deficiência visual e cegueira na ROP.
Essa doença afeta principalmente bebês com menos de 32 semanas de gestação e peso abaixo de 1500 gramas. Outro grande fator de risco é o uso de oxigênio em UTIs neonatais para auxiliar na respiração dos prematuros. A oxigenação causa ainda mais desorganização na configuração dos vasos sanguíneos, aumentando a probabilidade de surgimento da retinopatia de prematuridade.
Saiba mais sobre essa enfermidade no vídeo abaixo. Basta dar play!
Estágios da doença
A retinopatia de prematuridade é classificada em cinco estágios de acordo com a gravidade. São eles:
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estágio I: crescimento discreto dos vasos sanguíneos. Muitas crianças melhoram sem tratamento, com possibilidade de desenvolver visão normal;
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estágio II: vasos com anormalidade moderada. Como no caso anterior, a doença pode se resolver naturalmente, sem complicações;
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estágio III: os vasos sanguíneos crescem em direção ao centro do olho, indicando um agravamento da doença e a necessidade de tratamento para prevenir o descolamento da retina;
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estágio IV: a retina se apresenta parcialmente descolada e
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estágio V: total descolamento da retina, capaz de causar deficiência visual severa e até cegueira.
Na maioria dos casos, a ROP se apresenta nos estágios I ou II. Entretanto, em alguns bebês, a doença pode se desenvolver rapidamente. Por esse motivo, é vital que a equipe neonatal encaminhe os prematuros de risco a um exame oftalmológico detalhado.
Os bebês com esse distúrbio são considerados mais propensos a desenvolver certos problemas oculares no decorrer da vida, como:
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descolamento de retina;
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miopia;
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estrabismo (olho torto);
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ambliopia (olho preguiçoso) e
Quais são as causas da retinopatia de prematuridade?
Os principais fatores de risco estão relacionados à prematuridade no nascimento e excesso de oxigênio recebido em UTIs neonatais. Outros aspectos que contribuem para o risco de ROP incluem:
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deficiência de vitamina E;
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dificuldades respiratórias e
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transfusões de sangue.
Como se dá o diagnóstico da doença?
A retinopatia da prematuridade não apresenta sintomas. Sendo assim, o diagnóstico depende de um exame cuidadoso de fundo de olho por um oftalmologista bem treinado.
Entre as opções disponíveis, pode-se realizar o mapeamento de retina. Dê play no vídeo abaixo e saiba mais.
As complicações da visão, ou mesmo cegueira completa, podem ser notadas a partir dos três ou quatro meses de vida. Portanto, é imprescindível que os bebês recebam tratamento imediato e sejam examinados periodicamente.
Os exames oculares devem ser realizados a partir do primeiro mês de vida e repetidos a cada uma ou duas semanas, até que o crescimento dos vasos sanguíneos da retina esteja concluído.
Os bebês em estágio grave precisam ter acompanhamento constante ao longo da vida.
Como é o tratamento?
Nos estágios mais leves da retinopatia de prematuridade pode haver regressão natural, exigindo apenas o acompanhamento frequente de um oftalmologista. Já os casos graves exigem tratamento.
Os principais métodos adotados para impedir a progressão da doença são:
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laser: aplicação na área avascular da retina periférica para interromper a produção de VEGF e, portanto, dos neovasos e reduzir o risco de descolamento da retina;
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medicamentos antiangiogênicos: drogas usadas para inibir a produção de VEGF e
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vitrectomia: cirurgia adotada para os casos mais graves, que apresentam descolamento da retina.
Entenda mais sobre a cirurgia de vitrectomia no vídeo abaixo.
Recuperação
Em casos de cirurgia, o bebê necessita ficar internado por pelo menos um dia até que esteja completamente recuperado dos efeitos da anestesia. O procedimento é feito com anestesia geral.
O tratamento da retinopatia de prematuridade exige consultas regulares com um oftalmologista a cada duas semanas para avaliar o andamento.
É possível prevenir a ROP?
A prevenção é a melhor maneira de impedir o surgimento de maiores complicações visuais. Desta forma, os bebês que apresentam riscos no desenvolvimento da retinopatia de prematuridade precisam ser investigados e acompanhados em caráter de urgência.
Os principais modos de prevenção são:
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visita do oftalmologista à UTI neonatal para avaliação do prematuro;
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exame de mapeamento de retina na quarta semana de vida e
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bom programa pré-natal para evitar a prematuridade no nascimento.
Mesmo os bebês que demonstram regressão espontânea devem ser acompanhados por um oftalmologista. Isso porque há riscos de outros problemas de visão, como estrabismo e diferenças de grau entre os olhos, como já falado anteriormente.
Como foi possível observar, a retinopatia de prematuridade consiste em uma das maiores causas de cegueira infantil no Brasil e a falta de cuidados imediatos pode levar ao agravamento da doença. Portanto, é primordial adotar medidas de prevenção e ficar atento às providências que a equipe médica toma em relação aos bebês prematuros.
Se você quer saber ainda mais sobre essa doença, confira uma live que realizamos com esse tema.
Para saber mais sobre a retinopatia de prematuridade entre em mapeamento de retina para falar com um de nossos especialistas ou agendar uma consulta com eles. Para conferir mais conteúdos, acompanhe nosso Facebook e nosso Instagram.