A tuberculose ocular é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch). O principal órgão que costuma ser atingido é o pulmão, entretanto, o bacilo pode disseminar-se e atingir outros órgãos, dentre eles, o olho.
Essa infecção também é conhecida como uveíte por tuberculose, pois provoca inflamação nas estruturas da úvea do olho. De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), a incidência de tuberculose ocular ocorre em cerca de 1% a 2% dos casos que afetam outros órgãos além dos pulmões.
Neste artigo, vamos apresentar uma visão geral sobre a tuberculose ocular, comentando sobre as suas principais características, a prevalência, os sintomas, as formas de transmissão, o diagnóstico, os tratamentos e a prevenção. Continue lendo para saber mais!
As principais características da tuberculose ocular
Após penetrar no organismo por via respiratória, o bacilo Mycobacterium tuberculosis pode disseminar-se e instalar-se em qualquer órgão. Essa infecção é conhecida como tuberculose extrapulmonar.
Segundo estudos, a maioria das formas extrapulmonares ocorre em órgãos sem condições favoráveis ao crescimento do bacilo de Koch. Dessa forma, a sua instalação ocorre de maneira insidiosa e lenta.
Tuberculose ocular
A tuberculose ocular (TBO) é classificada como uma infecção primária quando atinge diretamente o olho, sem, antes, haver infectado outros órgãos. Isso pode ocorrer por contato com as mãos e objetos contaminados ou por exposição a aerossóis infectados com os bacilos, sendo todos esses casos considerados raros, e inclui lesões palpebrais, corneanas, conjuntivais e esclerais.
Quando a infecção ocular ocorre após a contaminação do pulmão, com a disseminação da bactéria por via linfo-hematogênica, é considerada uma infecção secundária.
Nesse caso, estão envolvidos o trato uveal, o nervo óptico e a retina. A inflamação do trato uveal é a manifestação ocular mais comum da doença, devido ao seu alto nível de suprimento sanguíneo.
A prevalência
A infecção ocular é mais frequente em pacientes com HIV, pessoas que já foram infectadas com tuberculose em outra região do corpo ou naquelas que vivem em locais sem saneamento básico.
A propósito, uma pesquisa aponta que alguns estudos sobre AIDS e tuberculose demonstraram um grande aumento das formas extrapulmonares da doença no Brasil, chegando a atingir cerca de 62% dos casos em formas isoladas ou associadas à ocorrência pulmonar, em adultos.
Entretanto, esse percentual oscilava em torno de 10% antes da eclosão dos casos de AIDS, significando uma estreita relação entre as doenças e a prevalência da tuberculose ocular em pacientes com o vírus HIV.
Os sintomas da tuberculose ocular
A doença pode comprometer todas as partes dos olhos e seus anexos, como conjuntiva, íris e coroide. As manifestações clínicas mais comuns são a uveíte, a endoftalmite (inflamação do globo ocular) e a tuberculoma.
Os principais sintomas da tuberculose ocular são: hipersensibilidade à luz (fotofobia) e visão embaçada. Entretanto, também podem ocorrer outros sinais, como:
- diminuição da acuidade visual;
- dor de cabeça;
- fotofobia;
- lacrimejamento;
- olhos doloridos e vermelhos;
- pupilas de tamanhos diferentes;
- sensação de queimação nos olhos.
Entre as complicações relacionadas à tuberculose ocular, pode ocorrer: descolamento da retina, edema macular, aumento da pressão intraocular (glaucoma), catarata e hemorragia vítrea. Embora seja raro, pode ocorrer a esclerite nodular unilateral.
A forma de transmissão da doença
Normalmente, o bacilo M. tuberculosis é transmitido de pessoa a pessoa pelas vias aéreas por meio de gotículas de saliva, liberadas ao espirrar, tossir ou falar. Por esse motivo, a contaminação ocorre, primeiramente, na maioria dos casos, no tecido pulmonar.
Os primeiros sintomas podem demorar dias e até semanas para se manifestarem. Por esse motivo, mediante o diagnóstico de tuberculose ocular, cutânea ou pulmonar, é de extrema importância que as pessoas mais próximas, como amigos e familiares do paciente, passem pelo teste para afastar qualquer suspeita.
Quando a tuberculose não é transmissível
É importante observar que a forma transmissível da tuberculose é apenas a pulmonar, que apresenta tosse com catarro (onde o bacilo se aloja). As demais formas, que não apresentam essas características, não são transmissíveis.
O diagnóstico da doença
Pelo fato de apresentar vários sintomas que podem ser confundidos com outras doenças, o diagnóstico nem sempre é fácil. Ele também pode ser dificultado por várias razões, como a quantidade baixa de bacilos, que, normalmente, acompanha esse quadro.
O diagnóstico é feito por meio do histórico clínico do paciente e de alguns exames especializados que podem detectar a doença. Entretanto, para a maioria dos casos, alguns são desnecessários, como a biópsia coriorretiniana e a punção do humor.
O oftalmologista também pode solicitar uma análise laboratorial do líquido ocular para confirmar a presença da bactéria Mycobacterium tuberculosis.
O tratamento
Embora a tuberculose ocular tenha cura, o seu tratamento é demorado, variando entre 6 meses e 2 anos, com a utilização de antibióticos.
O uso de novos medicamentos para o tratamento da tuberculose vem aumentando, como injeções intravítreas de esteroides, entre outros. Em alguns casos, podem, ainda, ser receitadas gotas de medicamento corticoide para aliviar os sintomas de queimação e coceira durante o tratamento.
Um dos aspectos mais importantes do tratamento é que, por ser demorado, o paciente precisa seguir corretamente todas as orientações do médico, para que as bactérias possam, de fato, ser eliminadas. Caso contrário, elas podem ficar resistentes e continuar a se desenvolver.
A prevenção
As melhores formas de evitar o contágio com a tuberculose pulmonar (que pode se transformar em ocular) são a vacinação na infância com a BCG e o evitamento de contato com pessoas infectadas.
Para tanto, é fundamental evitar o compartilhamento de talheres, escova de dentes ou outros objetos que possam entrar em contato com a saliva desses pacientes.
Também é importante evitar ficar em locais onde haja pessoas com suspeita da infecção, com exceção de casos que já estejam sendo tratados por mais de 15 dias.
Como vimos, a tuberculose ocular é uma doença infecciosa causada pelo bacilo de Koch. Quando não tratada logo no início dos sintomas, pode se agravar e resultar em sério comprometimento da visão. Portanto, aos primeiros sinais, o oftalmologista deve ser consultado para diagnóstico e tratamento.
Gostou de obter informações sobre a tuberculose ocular? Caso tenha se identificado com algum dos sintomas, compartilhe a sua experiência deixando um comentário!
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