Diversas doenças que afetam os olhos podem reduzir a acuidade visual de um indivíduo ou levar à cegueira. Entre essas condições está a uveíte, um problema comumente confundido com a conjuntivite, mas que tem causas diferentes.
Não existe uma idade específica para a uveíte se manifestar, podendo acometer desde crianças até pessoas idosas. Isso porque ela está relacionada a outras condições orgânicas, surgindo como uma das suas complicações.
Como esse é um tema muito importante, preparamos este artigo para conversar um pouco sobre esse problema ocular explicando exatamente o que ele é, quais são as suas causas, os sintomas que desencadeia, as diferenças que apresenta para a conjuntivite e as formas de tratamento disponíveis. Continue lendo!
O que é a doença chamada uveíte?
Nossos olhos são formados por diversas estruturas, sendo que algumas delas formam a camada vascular média, que corresponde a úvea ou trato uveal, a qual é formada por 3 estruturas:
- a íris, parte que confere cor aos olhos;
- o corpo ciliar;
- a coroide, membrana que fornece fluxo sanguíneo à retina.
A úvea está localizada no interior do globo ocular, também pode desenvolver problemas. A uveíte é um deles. Ela consiste em uma inflamação que desencadeia a perda da visão, que pode acontecer de forma parcial ou total. Por isso, é uma doença ocular que pode levar à cegueira.
A uveíte pode afetar apenas um dos olhos, sendo classificada como unilateral, ou atingir os dois, bilateral. Também recebe classificação de acordo com a estrutura atingida, sendo:
- uveíte anterior: quando afeta apenas a íris;
- uveíte intermediária: quando atinge o corpo ciliar e o vítreo;
- uveíte posterior: quando afeta o vítreo, a retina, a coroide e/ou a esclera (parte branca do olho).
Também pode acontecer de a inflamação atingir mais de uma porção da úvea, nesse caso, o problema recebe o nome de pan-uveíte.
Quais são as causas da uveíte?
As causas da uveíte podem ser infecciosas, não infecciosas ou não identificáveis (idiopáticas). Geralmente, essa inflamação se manifesta como uma complicação de outras patologias, uma vez que existem diversas doenças que repercutem na saúde ocular provocando as reações inflamatórias.
No caso das causas infecciosas, a uveíte pode ser provocada por problemas como:
- febre amarela;
- dengue;
- chikungunya;
- zika;
- AIDS;
- sífilis;
- tuberculose;
- toxoplasmose.
Essas três últimas condições estão entre as principais causas de uveíte no Brasil. Junto delas estão as doenças não infecciosas, como aquelas de origem autoimune, sendo:
- lúpus;
- esclerose múltipla;
- artrite reumatoide.
A uveíte ainda pode se manifestar por causa de traumas no globo ocular, como perfuração, contato com objetos e queimaduras. Além disso, alguns tipos de tumores são possíveis causas desse problema.
Quais são os sintomas da uveíte?
Você se lembra que explicamos que é bastante comum a uveíte ser confundida com a conjuntivite? Isso se dá porque esses dois problemas manifestam alguns sintomas em comum, que são dor nos olhos, vermelhidão e sensibilidade à luz.
Entretanto, essas duas condições são diferentes, pois a conjuntivite é provocada por alergias, agentes tóxicos, vírus e bactérias, afetando a conjuntiva, uma camada externa do olho. Já a uveíte afeta camadas internas e desencadeia sintomas mais específicos, sendo a percepção de manchas escuras na visão (moscas volantes) e a redução da acuidade visual.
Outros sinais incômodos provocados por esse problema são lacrimejamento, coceira e vista embaçada. Quando a uveíte é de origem infecciosa, os olhos também podem produzir um excesso de secreção.
Como é feito o diagnóstico da uveíte?
Como você viu, a uveíte desencadeia sintomas muito similares aos de outras doenças oculares. É por isso que apenas a avaliação desses incômodos não é suficiente para ter um diagnóstico preciso, sendo fundamental sempre procurar um oftalmologista e nunca se automedicar.
Para diagnosticar a inflamação o médico fará diversos testes oculares de rotina para avaliar os reflexos da pupila e medir acuidade visual, por exemplo. Também pode realizar o mapeamento de retina, tonometria e a biomicroscopia. Além disso, poderá solicitar exames de sangue para complementar essa avaliação. Eles são fundamentais para identificar o fator etiológico do problema.
Ainda podem ser solicitados exames de imagem, como angiofluoresceinografia, ecografia e tomografia da retina. Tudo isso para que se possa definir com exatidão o que está provocando esse problema.
É a partir do diagnóstico que o profissional poderá determinar qual é o melhor tratamento, uma vez que a uveíte se manifesta em função de diversas causas, como já conversamos.
Como a uveíte é tratada?
Um quadro de uveíte precisa ser muito bem investigado porque a inflamação se relaciona com outras condições orgânicas. Sendo assim, dependendo do que a está provocando, o oftalmologista atuará em conjunto com outros profissionais.
Se a origem, por exemplo, for a sífilis, é preciso trabalhar com o médico infectologista; se for a tuberculose, há necessidade de consultar um pneumologista, e assim por diante. Desse modo, o paciente é tratado de uma forma completa, porque não é possível eliminar completamente a inflamação sem tratar a causa principal.
Portanto, a abordagem depende da identificação do problema principal e pode incluir o uso de medicamentos:
- antibióticos;
- anti-inflamatórios;
- antifúngicos;
- antivirais;
- corticoides;
- analgésicos;
- imunossupressores.
Ao mesmo tempo, é realizado um tratamento local, ou seja, diretamente nos olhos, por meio da aplicação de colírios. Pode acontecer de os medicamentos serem aplicados diretamente no globo ocular, quando o tratamento oral não está surtindo o efeito esperado ou se existe alguma contraindicação para realizá-lo.
É importante entender que o tratamento controla ou cura a uveíte, dependendo daquilo que a está causando. Porém, em casos de doença como a toxoplasmose, o paciente pode apresentar novas crises, daí a importância de fazer um acompanhamento constante.
O ideal é entender que a uveíte é um problema que acarreta a perda da visão, portanto, é fundamental identificá-la o quanto antes. Assim, na manifestação de qualquer incômodo, procure um oftalmologista. Na RetinaPro você conta com uma equipe completa, bem capacitada e métodos modernos de diagnóstico e tratamento para cuidar dos seus olhos.
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Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).