O glaucoma é uma doença ocular que, apesar de não apresentar sintomas nas fases iniciais e de desenvolvimento, pode causar danos irreversíveis à visão, levando inclusive à cegueira. Aliás, a ausência de sinais é uma das principais razões para a piora do quadro clínico.
Dentre os problemas que atingem a visão, o glaucoma é um dos mais comuns na atualidade. Em geral, está associado ao aumento da pressão interna dos olhos, o que ocasiona diferentes variações anatômicas e fisiológicas no nervo óptico. A fim de evitar esse tipo de complicação, é importante obter o diagnóstico quanto antes.
A seguir, explicaremos tudo o que você precisa saber sobre o assunto: o que é, como descobrir, quais os exames existentes e os tipos de cirurgia para glaucoma. Acompanhe!
O que é Glaucoma?
De modo resumido, o glaucoma refere-se a um grupo de doenças originadas a partir de uma lesão no nervo óptico — responsável por encaminhar ao cérebro as informações visuais. Quando o nervo é prejudicado, a capacidade de enxergar da pessoa é comprometida, em virtude da perda de campo da visão.
O que é pressão ocular?
A pressão ocular é o resultado da relação entre a produção e a drenagem do humor aquoso. O humor aquoso é produzido em uma área localizada atrás da íris (parte colorida dos olhos), passa pelo centro da pupila e é drenado nas extremidades dos olhos (região conhecida como trabeculado).
É necessário haver um equilíbrio constante entre esses dois momentos, o de geração e o de escoamento do humor aquoso. Outra informação relevante é a de que uma pressão considerada dentro da normalidade varia entre 10 e 21 mmHg.
Quais os tipos de glaucoma?
O equívoco de pensar que existe apenas um tipo de glaucoma é bem comum. Na realidade, há quatro formas de manifestação da doença. Confira abaixo quais são elas.
Glaucoma agudo ou de ângulo fechado
Nesse tipo, ocorre a elevação da pressão ocular por efeito de uma interrupção súbita na drenagem do humor aquoso. A doença, por sua vez, está intimamente ligada a esse aumento brusco da pressão intraocular. O glaucoma agudo (ou de ângulo fechado) ocorre repentinamente, assim como as dores dele decorrentes. Pacientes relatam ter passado por intensas crises de dor nos olhos.
Glaucoma crônico ou de ângulo aberto
O glaucoma crônico (ou de ângulo aberto) é o tipo mais comum. Nele, a pressão ocular aumenta gradativamente. Na maioria dos casos, provém de uma dificuldade de drenagem do humor aquoso, em virtude de uma disfunção na região do trabeculado.
É preciso estar atento, pois a doença pode evoluir de forma a causar dano ao nervo óptico e até perda de visão.
Glaucoma congênito
Esse gênero é bastante raro e decorre de um problema congênito, isto é, o indivíduo já nasce com ele. Se o tratamento for iniciado assim que descoberta a doença, a chance de reversão do quadro por meio de cirurgia para glaucoma é grande.
Glaucoma secundário
O distúrbio recebe o nome de “secundário” quando é derivado de uma causa externa. Pode ocorrer em razão de doenças oculares (catarata, uveíte e similares), uso de medicamentos (corticoides), enfermidades sistêmicas ou mesmo traumas.
Como descobrir o glaucoma?
Um dos sinais primários da enfermidade é a perda do campo de visão periférico. O prejuízo acontece gradativamente, ou seja, começa de maneira amena (o que o torna difícil de ser percebido pelo paciente). A evolução do quadro pode ocasionar perdas moderadas e severas que já são mais facilmente identificáveis pelos exames.
Muitos indivíduos acometidos pelo glaucoma só percebem o dano quando ficam com a “visão tubular”. Nessa condição, apenas a visão central opera corretamente, causando no portador uma sensação que é geralmente descrita como se houvesse um tubo na frente dos olhos. É bastante comum que, nessa fase da doença, o indivíduo comece a tropeçar, esbarrar em objetos e sentir um agravamento na qualidade da visão à noite.
Os sintomas podem progredir para perdas graves da visão e até cegueira. Sendo assim, pessoas dentro dos fatores de risco devem ficar atentas e visitar periodicamente o oftalmologista. Dessa forma, é possível identificar antecipadamente um possível glaucoma, bem como conter o avanço da doença.
Outros sinais vão depender do tipo do distúrbio:
- glaucoma crônico ou ângulo aberto: como o desenvolvimento da doença é lento, costuma ser assintomático até começar o processo de perda da visão periférica descrito acima. Por esse motivo, ele é conhecido como o “ladrão silencioso” da visão.
- glaucoma agudo ou ângulo fechado: dor forte em um dos olhos, inchaço, vermelhidão, náuseas e vômitos, visão embaçada e prejudicada.
- glaucoma congênito: os sinais revelam-se quando a criança tem ainda poucos meses de vida. Podem ser nebulosidade na vista, olhos vermelhos, lacrimejamento excessivo, aumento do tamanho de um ou de ambos os olhos e sensibilidade excessiva à luz.
Há fatores de risco?
O principal fator de risco para o desenvolvimento do glaucoma é a elevada pressão intraocular. A região inicial do olho produz o humor aquoso. Esse líquido, se não drenado corretamente, pode resultar em bloqueio do escoamento, aumentando, assim, a pressão ocular.
No vídeo a seguir, é possível ver como a elevação da pressão intraocular perturba o nervo óptico. Vale lembrar que a área em que ele está localizado é uma das mais frágeis do olho, uma vez que não é protegida pela esclera.
Dessa forma, toda pressão acumula-se ali. Essa compressão contínua e, por seu turno, provoca um esmagamento da estrutura do olho — com consequente aumento da zona central (conhecida como escavação).
Descobertas recentes revelam que a hipotensão arterial noturna também pode ser responsável por uma piora do glaucoma. De forma resumida, esse problema refere-se a uma situação em que a pressão arterial desce abruptamente para 20% abaixo do que é considerado ideal durante o sono. O diagnóstico de hipotensão noturna só pode ser obtido por meio da realização de um exame que mede a pressão arterial, chamado MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial).
Outros fatores que influenciam o surgimento do glaucoma
Há, ainda, outros fatores que podem favorecer o surgimento da doença, por exemplo, o avanço da idade. A partir dos 40 anos, as pessoas ficam mais propensas a sofrerem de glaucoma e esse risco aumenta ainda mais após os 60 anos. Frente a isso, com 35 anos de idade ou mais, já é altamente recomendável fazer consultas preventivas anuais com o oftalmologista, sobretudo se houver histórico familiar de glaucoma.
Patologias como diabetes, hipertensão, hipertireoidismo, problemas cardíacos, tumores no olho, inflamações oculares e deslocamento da retina também podem ser consideradas condições que aumentam o risco de ocorrência do glaucoma.
A genética é mais um fator, principalmente no glaucoma crônico, em razão disso, se você tem casos da doença na família, é fundamental efetuar o acompanhamento de sua pressão intraocular de forma regular e com os exames oftalmológicos adequados.
Por fim, os traumas oculares também são apontados como causas do glaucoma, no entanto, casos assim são classificados como raros.
Como descobrir o glaucoma?
Um dos sinais primários da enfermidade é a perda do campo de visão periférico. O prejuízo acontece gradativamente, ou seja, começa de maneira amena (o que o torna difícil de ser percebido pelo paciente). A evolução do quadro pode ocasionar perdas moderadas e severas que já são mais facilmente identificáveis pelos exames.
Muitos indivíduos acometidos pelo glaucoma só percebem o dano quando ficam com a “visão tubular”. Nessa condição, apenas a visão central opera corretamente, causando no portador uma sensação que é geralmente descrita como se houvesse um tubo na frente dos olhos. É bastante comum que, nessa fase da doença, o indivíduo comece a tropeçar, esbarrar em objetos e sentir um agravamento na qualidade da visão à noite.
Os sintomas podem progredir para perdas graves da visão e até cegueira. Sendo assim, pessoas dentro dos fatores de risco devem ficar atentas e visitar periodicamente o oftalmologista. Dessa forma, é possível identificar antecipadamente um possível glaucoma, bem como conter o avanço da doença.
Outros sinais vão depender do tipo do distúrbio:
- glaucoma crônico ou ângulo aberto: como o desenvolvimento da doença é lento, costuma ser assintomático até começar o processo de perda da visão periférica descrito acima. Por esse motivo, ele é conhecido como o “ladrão silencioso” da visão.
- glaucoma agudo ou ângulo fechado: dor forte em um dos olhos, inchaço, vermelhidão, náuseas e vômitos, visão embaçada e prejudicada.
- glaucoma congênito: os sinais revelam-se quando a criança tem ainda poucos meses de vida. Podem ser nebulosidade na vista, olhos vermelhos, lacrimejamento excessivo, aumento do tamanho de um ou de ambos os olhos e sensibilidade excessiva à luz.
Por que o diagnóstico precoce é essencial?
Conforme já foi dito, o glaucoma é uma doença silenciosa que, se não for devidamente tratada, pode levar à perda completa e permanente da visão. O diagnóstico precoce é a forma mais eficaz de impedir a sua evolução e evitar problemas mais graves.
É importante dizer que, infelizmente, não há surgimento de sintomas explícitos ou demarcados, o que dificulta esse diagnóstico. É possível, inclusive, afirmar que muitas pessoas não apresentam nenhum sinal da doença, porém, quando eles se revelam, pode ser tarde demais.
Quando a descoberta do glaucoma é tardia, é provável que ele já esteja em estágio avançado. Sendo assim, não espere sentir algo para procurar um especialista. Quanto antes for iniciado o tratamento, melhor.
Campanhas de combate ao glaucoma tem ganhado força ultimamente. O principal objetivo é alertar a população sobre a importância de realizar consultas e exames regulares, a fim de garantir a saúde dos olhos. A recomendação serve para todo mundo, mas quem tem predisposição (por qualquer dos motivos citados anteriormente) deve dedicar uma maior atenção a./ isso.
Como é feito o diagnóstico da doença?
É importe frisar novamente que como o glaucoma costuma não apresentar sintomas em sua fase inicial, não se deve esperar o corpo apresentar algum sinal para procurar um médico. Visitas regulares ao oftalmologista são a forma mais indicada para identificar a doença precocemente.
Se você notar qualquer sintoma que se aproxime dos descritos aqui, procure o médico imediatamente! Lembre-se de que, durante o atendimento, é fundamental descrever detalhadamente o que você está sentindo.
A forma de diagnosticar o glaucoma é por meio de um exame ocular que inclui dilatação da pupila e observação do fundo de olho para avaliar o nervo óptico (a estrutura mais afetada pelo transtorno), além, é claro, da medição da pressão ocular.
Como a pressão ocular pode oscilar, talvez seja necessária a realização de outros exames. Para completar o diagnóstico, o especialista realiza uma investigação integral e aprofundada da saúde ocular com:
- avaliação do nervo óptico (biomicroscopia de fundo de olho e mapeamento de retina);
- acuidade visual;
- campimetria;
- retinografia colorida do nervo óptico
- tonometria ou curva tensional diária (que também mede a pressão ocular);
- gonioscopia;
- lentes especiais para análise dos canais de drenagem do humor aquoso;
- entre outros.
Qual o papel da tomografia de coerência óptica (OCT) no diagnóstico do glaucoma?
A OCT é um exame que permite visualizar partes do olho, como o nervo óptico e a retina, com grande detalhamento. Sua resolução é bem superior à do ultrassom e não exige contato direto com o olho.
Como o exame é realizado?
As pupilas do paciente devem sempre ser dilatadas para a realização desse exame. Uma das grandes vantagens do OCT é a sua rapidez — a realização nos dois olhos não costuma demorar mais do que 15 minutos.
Ele é feito da seguinte maneira: o aparelho é colocado a alguns centímetros dos olhos, sendo solicitado ao paciente que permaneça imóvel para que as estruturas oculares possam ser observadas adequadamente. Qualquer movimento pode interferir no processo e tornar necessária sua repetição.
Para que serve o exame?
Os aparelhos de tecnologia mais moderna fazem diversos tipos de varredura ou mapeamento dos olhos. Sendo assim, é possível avaliar o disco óptico, as camadas de fibras nervosas da retina, todo o seu sistema sensitivo e os capilares que compõem a estrutura ocular.
Ademais, a OCT é considerada uma excelente opção para obtenção do diagnóstico precoce e controle da progressão do glaucoma. Auxilia também no detalhamento e aprofundamento do estudo do nervo óptico e das camadas de fibras nervosas localizadas no seu entorno
Como é o tratamento?
De maneira geral, a finalidade do tratamento é reduzir a pressão ocular. Quanto à forma de tratamento, assim como os seus sintomas, há especificidades para cada tipo da doença.
Pacientes com glaucoma crônico normalmente são tratados apenas com colírios. O colírio atua diminuindo a produção ou aumentando a drenagem do humor aquoso — o que, por sua vez, vai provocar a redução da pressão ocular.
Já os glaucomas agudos são tratados como emergência médica. Nesses casos são utilizados colírios, pílulas e até soluções endovenosas para diminuir a pressão intraocular.
Há quadros que demandam procedimentos urgentes, tais como a iridotomia periférica e a trabeculoplastia (realizadas com laser). Outros mais graves necessitam efetuar a trabeculectomia, que é uma intervenção cirúrgica propriamente dita. No glaucoma congênito, o tratamento mais regular é a cirurgia que desobstrui os canais do ângulo, que deve ser realizada com anestesia geral.
Quais são as cirurgias?
São três os principais tipos de cirurgia para glaucoma: procedimentos a laser, trabeculectomia e escelerectomia profunda não penetrante.
Qualquer uma delas só é recomendada em situações em que a pressão ocular não consegue ser controlada por meio de medicação. É importante ressaltar que o oftalmologista é o profissional apto para indicar a mais adequada para o seu caso — dado que a escolha entre uma ou outra varia de acordo com o tipo de doença.
A seguir vamos explicar cada uma dessas cirurgias para você!
Laser
A iridotomia periférica e a trabeculoplastia são tratamentos cirúrgicos feitos a laser e só podem ser realizados em casos selecionados. A primeira é indicada para pacientes que têm glaucoma de ângulo fechado (ou agudo), enquanto a segunda é ideal para quem apresenta glaucoma de ângulo aberto (ou crônico).
Ambas são consideradas opções terapêuticas pouco invasivas, além disso, elas são realizadas em consultórios e não exigem internação.
Trabeculectomia
A trabeculectomia é considerada a principal e mais eficiente cirurgia para glaucoma. O procedimento consiste na criação de uma bolsa de drenagem para o humor aquoso.
As taxas de sucesso são bastante expressivas, ou seja, muitos pacientes conseguem controlar a pressão intraocular mediante a realização dessa cirurgia. Para manter o nível de pressão baixo, podem ser necessárias outras intervenções pós-operatórias.
Esclerectomia profunda não penetrante
As indicações de cirurgia não penetrante são numerosas e correspondem a casos de glaucomas de ângulo aberto primários ou secundários. Por não haver penetração no olho, há menos risco de complicação e a recuperação visual costuma ser mais rápida.
Resta reforçar a importância de estar atento aos sintomas do glaucoma e da visita regular ao oftalmologista para que seja possível descobrir a doença logo no início de seu desenvolvimento. Com isso, o diagnóstico precoce é facilitado e os resultados otimizados. Somente dessa maneira é possível atingir o sucesso na realização dos procedimentos, bem como evitar futuras complicações.
Prevenir-se contra doenças que podem afetar os seus olhos é a melhor maneira de garantir uma visão saudável ao longo da vida.
Caso queira saber mais sobre o assunto, conhecer os exames e os tipos de cirurgia para glaucoma disponíveis, não deixe de entrar em contato conosco. Teremos o maior prazer em sanar todas as suas dúvidas!
Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).