Certamente, você já ouviu falar sobre os perigos da pressão alta para a nossa saúde! O que pouca gente sabe é que essa condição, além de representar um fator de risco para o desenvolvimento de doenças do coração, pode causar danos também aos olhos.
As consequências da retinopatia hipertensiva — problema ocasionado pela elevação da pressão arterial e que atinge os vasos sanguíneos da retina — podem prejudicar seriamente sua visão, por isso é preciso estar muito atento!
O estreitamento de pequenas artérias e veias (o que podem levar surgimento de trombose) é uma manifestação vascular da retina associadas à doença. Vale citar que essas modificações progridem de forma bastante semelhante à de outros órgãos — tais como cérebro, rim e coração. Desse modo, elas podem servir de parâmetro para analisar como anda o seu organismo como um todo.
Neste post, vamos saber um pouco mais sobre a retinopatia hipertensiva e buscar esclarecer as principais dúvidas que surgem sobre o tema. Venha conosco!
O que é a retinopatia hipertensiva?
A retinopatia hipertensiva é um distúrbio provocado pelo aumento da pressão arterial que afeta diretamente os vasos sanguíneos da retina. As alterações causadas por ela podem ser estreitamento vascular (vasoconstrição), espessamento da parede de pequenas artérias (arteríolas) ou pequenas veias (vênulas), obstrução e até mesmo rompimento dos vasos.
Em geral, o processo costuma ter início muito antes do paciente se dar conta da doença, ou seja, muito antes de apresentar sintomas mais nítidos e evidentes.
Por essa razão, é fundamental que pessoas com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica (popularmente conhecida como pressão alta) façam o acompanhamento preventivo com um oftalmologista. Efetuar consultas regulares pode salvar sua vida, uma vez que a doença tem sido apontada como indicativo de risco para a mortalidade sistêmica.
Há fatores de risco para o desenvolvimento da doença?
A maioria (cerca de 90%) dos casos é verificada em pacientes com quadro de hipertensão arterial sistêmica essencial, isto é, sem que existam sinais de outra causa para a elevação da pressão.
De qualquer forma, podem ser citados como pertencentes ao grupo de risco pessoas com idade acima de 60 anos ou com pressão arterial desequilibrada (essas categorias têm até 2 vezes mais chances de desenvolver a retinopatia).
Quais são os sintomas mais frequentes?
Os sintomas mais comuns decorrentes do agravamento do problema são: deterioração da visão, aumento da sensibilidade à luz e dores de cabeça constantes. Conforme já dito, esses sinais costumam aparecer quando a retinopatia já está em estágio adiantado.
Quando mal controlada, a pressão arterial alta pode ocasionar estreitamento arterial permanente e alteração nas veias (cruzamentos patológicos). Somado a isso, podem ocorrer hemorragias e acúmulo de líquido na retina que, por sua vez, resultam em casos mais sérios de edema na mácula (parte da retina responsável pelo detalhamento da visão), no nervo ou no disco óptico.
A combinação da doença com tabagismo e diabetes costuma levar ao agravamento do quadro clínico. O diagnóstico tardio é um dos grandes responsáveis por casos de perda de visão — sobretudo em virtude da ocorrência de hipertensão maligna e oclusão vascular da retina.
Quais são as principais consequências da retinopatia hipertensiva?
Além dos problemas associados já apontados, o bloqueio dos vasos sanguíneos da retina (oclusão venosa) causado pela retinopatia hipertensiva pode ocasionar problemas ainda mais sérios e graves. Os principais são:
- tromboses venosas da retina;
- catarata;
- descolamento de retina;
- hemorragia vítrea;
- glaucoma ocular.
Como é feito o diagnóstico?
Normalmente, o diagnóstico da retinopatia hipertensiva é obtido por meio de um exame de fundo de olho (fundoscopia ou mapeamento da retina), solicitado em razão da identificação prévia de hipertensão arterial sistêmica.
Aliado, portanto, a exames para avaliar a pressão arterial, o exame de fundo de olho vai ajudar a informar sobre a situação dos vasos sanguíneos da retina. As alterações vasculares ocorrem de forma parecida em outros órgãos do corpo. No entanto, ao contrário dos exames que avaliam essas estruturas, a análise oftalmológica da retina possibilita que o médico especialista observe de perto esses vasos — auxiliando, assim, na obtenção de um diagnóstico mais preciso da gravidade da doença.
Outros exames complementares podem ser requeridos pelo oftalmologista, como retinografia, angiofluoresceinografia e tomografia de coerência óptica. Pacientes hipertensos (já diagnosticados) e que já fazem o acompanhamento oftalmológico possuem maiores chances de recuperação e desaceleração no processo, tendo em vista que o diagnóstico pode ser obtido antes do desenvolvimento avançado da doença e o tratamento iniciado de maneira imediata.
Qual a melhor forma de tratamento da retinopatia hipertensiva?
Como não há um tratamento específico para as lesões e outros problemas decorrentes da retinopatia hipertensiva, a prevenção e o controle clínico da pressão arterial costumam ser o principal foco do tratamento. Sendo assim, é necessário haver um controle rigoroso dos fatores que predispõem o paciente à hipertensão.
Impossibilitar o desenvolvimento de um quadro de obesidade, reduzir os níveis de colesterol ruim (principalmente, os triglicérides), monitorar a diabetes, incentivar o paciente a praticar atividades físicas e a ter uma rotina de alimentação saudável são recomendações frequentemente dadas por médicos (oftalmologistas ou não) e que têm um papel fundamental na moderação da pressão — e, consequentemente, podem evitar o surgimento ou o agravamento dessa e de outras doenças.
Notadamente, a depender dos sintomas que a pessoa apresentar, pode haver necessidade de alguma intervenção mais específica para reversão do quadro. Por exemplo, nos casos de edema macular, indica-se um tratamento com injeção de anti-angiogênico intravítreo ou fotocoagulação a laser, mas quando há ocorrência de hemorragias intravítreas por oclusões vasculares, o tratamento adequado é o cirúrgico (vitrectomia posterior).
A retinopatia hipertensiva é, dessa forma, uma complicação advinda de uma situação não controlada de hipertensão arterial sistêmica e pode causar consequências graves e irreparáveis à visão. Com a identificação do problema principal e daqueles decorrentes, fica mais fácil encontrar a melhor forma de intervenção e da aplicação de técnicas que podem ajudar a controlar o caso.
Por que é importante encontrar uma boa clínica oftalmológica?
O profissional mais indicado para diagnosticar e tratar pacientes com retinopatia hipertensiva é o retinólogo. Isso porque ele é treinado para avaliar em profundidade a situação real de sua retina, assim como para realizar procedimentos clínicos e cirúrgicos para tratamento de doenças relacionadas à essa parte do olho.
De maneira geral, você pode encontrar um especialista como esse em clínicas oftalmológicas especializadas em problemas de retina. Mas esse não é o único benefício de realizar consultas em clínicas que oferecem serviços particularizados para exames e tratamentos na retina. Boa estrutura, equipamentos tecnológicos modernos e complexos, corpo clínico experiente e com reconhecimento na área são alguns pontos que costumam fazer diferença nos resultados positivos!
Estabeleça e cumpra uma rotina de consultas oftalmológicas e fique atento a qualquer sinal de irregularidade na sua visão. Não descuide da saúde dos seus olhos e lembre-se sempre: prevenção é o melhor remédio!
Agora que já esclarecemos todas as suas dúvidas sobre o que é, quais são os sintomas, como é o tratamento e quais são as principais consequências da retinopatia hipertensiva, que tal compreender como funciona o exame de mapeamento de retina? Ficou interessado? Então, corra para conferir este post!
Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).