As informações sobre o novo coronavírus (COVID-19) são atualizadas constantemente, não só em relação aos dados estatísticos relacionados à quantidade de vítimas e países afetados, como também no que se refere às formas de contrair essa nova cepa de vírus que se alastra pelo mundo. Segundo a Academia Americana de Oftalmologia, dois recentes relatórios de estudos científicos indicam que o vírus pode causar conjuntivite.
Além de ser um alerta importante sobre a possibilidade de contaminação pelos olhos, essa é mais uma preocupação dos profissionais da área da saúde, já que a conjuntivite viral pode ser confundida por alergias sazonais.
Como até o momento não foi desenvolvida nenhuma vacina, é fundamental entender como ocorre a contaminação ocular e o que fazer para se prevenir e cuidar da saúde dos olhos. Continue a leitura para tirar as suas dúvidas e saber como se proteger e não contaminar outras pessoas!
O coronavírus pode ser contraído pelo nariz e pelos olhos?
Sim, além de ser contraído pelas mucosas do nariz e da boca, o coronavírus pode contaminar as pessoas pelos olhos. De acordo com um alerta da Academia Americana de Oftalmologia, a contaminação pode ocorrer através do contato com a secreção ocular.
O vírus pode ser contraído por meio do contato com gotículas da respiração, expelidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.
A contaminação também pode ocorrer pelo contato com objetos contaminados, quando a mão infectada é levada à boca, nariz ou olhos.
De acordo com as informações da Academia, o novo coronavírus pode causar conjuntivite. Nesse sentido, como os pacientes com inflamação ocular normalmente se consultam com oftalmologistas, eles podem verificar rapidamente as possíveis causas da doença.
Como o vírus afeta o corpo e gera sintomas?
Ao entrar no organismo, por meio dos olhos, nariz ou boca, o coronavírus se liga à estrutura celular da mucosa da garganta e do nariz. A partir de então, se inicia o processo de multiplicação dentro das células. Quando essas cópias ficam prontas, elas destroem a célula de origem e começam a infectar outras.
O vírus entra pelas vias aéreas que dão acesso aos pulmões provocando irritações na região. Como resposta a esse ataque, o corpo produz inflamações para combatê-lo, gerando sintomas como tosse, dor de garganta e nariz entupido.
Com isso, a reação inflamatória aumenta e surgem sinais como mal-estar, febre, falta de apetite e, em alguns casos, pneumonia. Os sintomas mais severos incluem dificuldade em respirar e falta de ar, exigindo hospitalização e tratamento com respirador. Já o estágio grave da doença pode provocar insuficiência pulmonar, falência de órgãos, choque séptico e risco de óbito.
Quais são as manifestações oculares do Coronovírus?
De acordo com os últimos alertas da Academia Americana de Oftalmologia,dentre as manifestações oculares do Coronovírusas está a conjuntivite, a qual pode transmitido por meio do contato com a conjuntiva.
Isso significa que existe a possibilidade de os pacientes com conjuntivites virais terem contraído o vírus antes mesmo do surgimento dos demais sintomas.
A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva (membrana transparente que recobre a parte branca do olho e a parte interna das pálpebras). Ela pode ser de origem viral, bacteriana, alérgica ou química. Os principais sintomas dessa infecção envolvem:
- ardor;
- coceira;
- dor;
- inchaço nas pálpebras;
- olho seco;
- secreção em excesso;
- sensação de areia ao piscar;
- sensibilidade à luz (fotofobia);
- vermelhidão;
- visão embaçada.
No de caso de infecção viral, a secreção ocorre em pouca quantidade, sendo ainda mais líquida e esbranquiçada. O contágio pode acontecer por meio do contato de gotículas do vírus com a conjuntiva. Entre as demais possíveis complicações que a CODIV-19 pode provocar, estão febre e insuficiência respiratória. Nesse sentido, é fundamental que a pessoa evite a automedicação e procure um atendimento oftalmológico para exames.
Cuidados com o uso indiscriminado de colírios
Utilizar colírios, sem uma prescrição médica pode ser muito perigoso, especialmente nos casos em que o desconforto nos olhos seja acompanhado de outros sintomas, como espirros, tosse, febre e coriza, que podem estar associados a infecção por coronavírus.
Além disso, o uso indiscriminado de colírios pode complicar doenças oculares já existentes e provocar glaucoma ou catarata, como ocorre nos casos de medicamentos que contêm corticoide. Os vasoconstritores, também conhecidos como adstringentes, não devem ser considerados como produtos inofensivos, pois apresentam riscos para a elevação da pressão arterial.
Como diferenciar as manifestações oculares do Coronovírusde das alergias e outras doenças oculares?
Em primeiro lugar, é necessário entender que as alergias são causadas por uma reação excessiva do sistema imunológico a alguns agentes alérgenos, e que não causam febre, tosse, calafrios ou dores no corpo e na garganta, sintomas característicos de infecções virais. Nesse sentido, para saber diferenciar as manifestações oculares do Coronovírus de alergias e outras doenças oculares não contagiosas, é importante verificar se o paciente apresenta alguns desses sintomas respiratórios.
Quais são os cuidados para evitar a contaminação após as manifestações oculares do Coronovírus?
São vários os cuidados que precisamos ter para evitar a contaminação. O principal deles é a higienização constante das mãos com água e sabão, e quando isso não for possível, utilizar álcool em gel. O segundo aspecto mais importante é evitar o contato das mãos com os olhos, nariz e boca. Veja, a seguir, 9 cuidados essenciais para se prevenir.
1. Evite aglomerações
Uma grande quantidade de pessoas, principalmente em ambientes fechados, facilita a proliferação do vírus. Nesse sentido, é importante evitar transportes públicos em horários de pico, elevadores lotados, festas e qualquer tipo de ambiente fechado com aglomeração. Procure sempre ficar em ambientes que possibilitem uma boa distância entre as pessoas.
2. Não compartilhe objetos
O coronavírus sobrevive em diversos tipos de materiais, infectando as pessoas pelo contato por meio de diferentes objetos. Por esse motivo, é muito importante não compartilhar descongestionante nasal, colírio, maquiagem, óculos, copos, pratos, talheres, fronhas, toalhas, entre outros.
3. Mantenha os locais arejados
A ventilação de qualquer tipo de ambiente é essencial para a circulação do ar, evitando que microrganismos se concentrem no local, pois ambientes fechados facilitam a proliferação do vírus. Dessa forma, é fundamental manter os locais arejados, para permitir que o ar circule e se renove.
4. Proteja a boca e o nariz ao espirrar
Para não correr o risco de contaminar as pessoas, sempre tampe a boca e o nariz com lenço descartável para tossir ou espirrar. É importante observar que o lenço jamais deve ser reutilizado para evitar o retorno de microrganismos às vias respiratórias.
5. Beba bastante água
Em qualquer situação de enfermidade, o consumo de água garante a hidratação corporal fundamental para o bom funcionamento do organismo. Isso também contribui para a redução da sensação de ardor e olho seco quando ocorre infecção ocular.
6. Evite contatos próximos com pessoas que apresentem sintomas da doença
De acordo com a Academia Americana de Oftalmologia, é importante manter uma distância de no mínimo 2 metros, já que uma pessoa infectada ao espirrar ou tossir pode ejetar gotículas que alcançam mais de 1,5m.
7. Limpe os locais que muitas pessoas pegam com as mãos
Aumente a frequência de limpeza de locais e superfícies onde muitas pessoas colocam as mãos, como corrimãos, torneiras, mesas e maçanetas. Após sair de transportes coletivos, é importante desinfetar as mãos com álcool em gel, pois os apoios utilizados para a segurança dos passageiros são altamente infectáveis.
8. Evite receber e fazer visitas
Principalmente para os casos de pessoas com mais de 60 anos, é muito importante evitar ao máximo o contato com os outros. Deixe para visitar as crianças da família após passar essa fase de pandemia. Também, é necessário ficar longe de hospitais, indo somente quando for realmente necessário.
9. Monitore os sintomas caso retorne de áreas afetadas
Nesses casos, é importante monitorar os sintomas por 14 dias e seguir os protocolos nacionais da área visitada. Casos eles ocorram, é necessário entrar em contato com um médico e informar sobre as ocorrências na viagem, bem como os sinais manifestados.
Para evitar a proliferação da COVID-19, além desses cuidados, a Organização Mundial da Saúde recomenda o uso de óculos de proteção (EPI) e máscaras ajustadas sobre nariz e boca, por pessoas contaminadas ou que tenham contato com um familiar que contraiu o vírus. É importante observar que os óculos comuns não previnem o contágio devido à abertura que apresentam em seu entorno.
10. Evite o uso de lentes de contato
Como existe a possibilidade de contaminação a partir da secreção ocular, se não houver a possibilidade de correta higienização das mãos ou na dúvida de como se faz, evite usar lentes de contato.
Como evitar o hábito de tocar no rosto?
Ficar sem tocar no rosto é um dos cuidados de prevenção contra a COVID-19 mais difíceis de seguir. De fato, basta um toque para ocorrer a transmissão de milhões de microrganismo para dentro do corpo. Embora seja um hábito muito difícil de controlar, é necessário entender a importância de manter as mãos bem longe dessa região, pois os olhos, nariz e boca são as principais portas de entrada para inumeráveis vírus, fungos e bactérias.
No entanto, por mais automático e instintivo que seja esse hábito, existem maneiras de controlá-lo. Para tanto, é necessário ficar atento, a fim de perceber em quais situações costuma tocar o próprio rosto e só fazê-lo após higienizar as mãos, de preferência com água e sabão. Aos poucos, é possível deixar esse hábito, com a conscientização da necessidade de proteger a saúde.
É necessário o uso de máscara?
De acordo com as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), as máscaras devem ser utilizadas pelas pessoas apenas nos seguintes casos:
- para evitar a propagação da doença quando houver sintomas ligados a deficiências respiratórias e tosse, inclusive em consulta médica;
- profissionais de saúde e cuidadores que atendem pacientes com sintomas relacionados às deficiências no sistema respiratório.
A utilização das máscaras deve seguir as orientações internacionais de retirada e descarte, bem como a higienização das mãos antes de utilizar e após a sua remoção. Veja, a seguir as orientações para colocar, utilizar, retirar e descartar a máscara:
- antes de manipular a máscara, higienize as mãos com água e sabão ou álcool gel;
- certifique-se de que a máscara não esteja rasgada ou apresente buracos — em caso positivo, descarte-a;
- verifique qual é o lado superior (onde se encontra a parte de metal);
- assegure-se de que o lado correto da máscara esteja voltado para fora;
- coloque a máscara no rosto e aperte a parte de metal ou a borda mais firme para que ela se molde ao nariz;
- puxe a parte inferior da máscara para cobrir a boca e o queixo;
- após a utilização, remova a máscara; retire as presilhas elásticas que ficam na parte de trás das orelhas, mantendo a máscara longe do rosto e das roupas, a fim de evitar o contato com as superfícies possivelmente contaminadas;
- após o uso, descarte a máscara imediatamente em uma lixeira fechando-a em seguida;
- higienize as mãos após manipular ou se desfazer da máscara.
Por quanto tempo o vírus consegue sobreviver em superfícies?
Essa questão ainda está em observação e, portanto, não há como saber com precisão quanto tempo o vírus que provoca os sintomas do COVID-19. consegue se manter ativo em diferentes superfícies. No entanto, parece que ele se comporta como os demais tipos de coronavírus. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), alguns estudos concluíram que esses vírus podem sobreviver de algumas horas até diversos dias.
Dessa forma, o tempo de contaminação ativa depende das condições dos objetos, como tipo de superfície, umidade e temperatura do ambiente. Nesse sentido, caso haja dúvida quanto a algum local, a orientação é que limpe a superfície. Isso pode ser feito com um desinfetante comum, para eliminar o vírus e ajudar as outras pessoas contra contaminações.
Como vimos, o coronavírus tem sido objeto de crescentes preocupações em nível mundial. Recentemente foi descoberto que o vírus pode infectar as pessoas por meio dos olhos, causando a conjuntivite. Nesse sentido, é fundamental ficar atento aos sintomas, considerando que a COVID-19, além de afetar os olhos também provoca outros sintomas, como febre, dor no corpo e dificuldade para respirar.
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Dr. Alexandre Rosa possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP/2005). Especialista em doenças da retina e vítreo (retinólogo) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Atualmente, é médico preceptor da residência médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, além de ser professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).